Os alimentos não convencionais da Amazônia

Cacau, cupuaçu, açaí, pupunha cubiu, ariá, carirú – quem já ouviu falar destas frutas e hortaliças? Do cacau, do chocolate, do açaí e do cupuaçu sim, pois são mais utilizadas em outras partes do Brasil. Mas como as safras variam conforme o nível dos rios, a alimentação do morador da Amazônia está se transformando, com o abandono de legumes e verduras que são produzidas e consumidas pelo povo da região. A iniciativa de cientistas em estudar os cultivos tradicionais da Região Amazônica faz crescer um movimento de resgate com a oferta de plantas alimentícias não convencionais – as PANCs – que, produzidas sem agrotóxicos, poderão ser consumidas em todo o país. Os cientistas convidados revelam as variedades de alimentos da floresta, capazes de romper também com a lógica restrita do arroz, feijão, batata, trigo e milho como base alimentar brasileira.

Participantes: O doutorado em Fitotecnia e Horticultura do professor Valdely Ferreira Kinupp na Universidade Federal do Rio Grande do Sul teve como tema de pesquisa a prospecção de plantas alimentícias não convencionais nativas do Rio Grande do Sul.  Vindo para Manaus ele fundou e dirige o herbário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, atuando ainda na pesquisa e divulgação das plantas alimentícias não convencionais.  Graduado em Filosofia e engenharia agronômica, o doutorado de Hiroshi Noda foi em Genética e melhoramento de plantas.  Embora aposentado, ele continua atuante na pós-graduação do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas – a UFAM. Se dedica à adaptação genética de espécies de hortaliças ao ambiente quente e úmido da Amazônia. Noemia Kazue Ishikawa coordena pesquisas em biodiversidade de cogumelos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).  Com doutorado e pós-doutorado no Japão, dedicada ao estudo de fungos, acabou pesquisando cogumelos comestíveis nativos do Brasil, motivada pelo fato de só encontrar nos supermercados espécies asiáticas e europeias. Foi então pesquisar entre os 34 tipos de cogumelos, os consumidos por índios e pela população amazônica.  Um dos cogumelos que Noemia pesquisa, uma espécie do mesmo gênero do shiitake, passou a ser utilizado pelo chef Felipe Shaedler, como uma delícia que ele apresenta no restaurante Banzeiro, dedicado à gastronomia amazônica. Com tanto sucesso que ele foi eleito por três vezes consecutivas chef do ano no Amazonas, usando e valorizando os produtos da região.