O uso de animais para salvar vidas humanas

Há quem trate seus animais de estimação com tal carinho e dedicação, que mais parece um integrante da família. Houve época em que cada município criava regras para o uso de animais nas pesquisas científicas. Alguns vereadores chegaram a ser eleitos com plataforma de defesa dos animais e impedimento da existência de cobaias. Em 2008, a chamada Lei Arouca criou normas nacionais para utilização de animais em propósitos científicos e didáticos. Cada instituição agora é obrigada a instalar comissões de ética no uso de animais (as CEUAS), que tem como atribuição zelar pelo bem estar animal e também registrar todos os protocolos de pesquisa ou ensino utilizando animais. Mesmo assim alguns setores ainda criticam a existência de cobaias. Argumentam com o sofrimento dos animais em alguns casos. Especialmente quando o pesquisador precisa saber se determinado experimento causará a morte da cobaia. Em tempo de células tronco e experiências de desenvolvimento celular fora do corpo, a questão ética da utilização animal volta a ganhar força. O avanço científico pode prescindir do uso de animais?

 

Participantes: Marcelo Marcos Morales foi formado em medicina, com doutorado em biofísica, e trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. É presidente da Federação Latino Americana de Sociedades de Biofísica e coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – o CONCEA – criado pela Lei Arouca. Ele mesmo sugeriu este debate para o Conselho Editorial de cientistas do Tome Ciência. Rita Leal Paixão fez mestrados em medicina veterinária e ciência ambiental, além de doutorado em saúde pública. É professora e diretora do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense – UFF. Integra a comissão de ética, bioética e bem-estar animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Portanto, dedicada a bioética, com ênfase em ética animal, ética ambiental, ética em pesquisa e bem-estar animal. Norma Vollmer Labarthe é médica e doutora em biologia parasitária e atua como assessora da presidência da Fundação Oswaldo Cruz – a Fiocruz. É presidente da Associação Proidéia – Ética, Educação, Saúde e Natureza. Participa do comitê de coordenação do Projeto Nacional de Ações Integradas Público-privadas para Biodiversidade – o Probio II – e é conselheira titular do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – CONCEA. Octávio Augusto França Presgrave. Mestre em biologia celular e molecular, doutor em vigilância sanitária, é tecnologista sênior da Fiocruz, onde coordena o grupo técnico de cosméticos. Colaborador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, participa da Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa. Membro da comissão de ética no uso de animais da Fiocruz desde 1999, pesquisa métodos alternativos ao uso de cobaias.