Favelas sem preconceito

Quando se fala em favelas, a associação imediata é com violência, de traficantes ou milícias, e Rio de Janeiro. E mais: miséria, superpopulação, pobreza. Mas não é o que mostram as pesquisas. São Paulo, por exemplo, tem mais favelas que o Rio. Vigário Geral e Parada de Lucas, das mais conhecidas no noticiário policial, têm 100 % das casas com energia elétrica; 99 % com água encanada; 98 % com esgoto e 97 % com coleta de lixo. E o número médio de pessoas por residência – e vale dizer que 89 % são casas próprias – é bastante próximo da média da cidade. Números bem distantes da lógica que uniformiza o debate de políticas públicas para as favelas, embora elas sejam diferenciadas e exijam conhecimento cada vez mais especializado. É o que vem acontecendo no mundo acadêmico com o crescimento de pesquisas, teses e até organizações não governamentais criadas a partir da ação de cientistas sociais.

 

Participantes: Cristóvão Duarte, mestre em urbanismo, doutor em planejamento urbano e regional é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, e autor de pesquisa sobre produção e reprodução dos espaços populares, com apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro, a Faperj. Sávio Raeder, geógrafo com especialização em políticas de solo urbano e mestre em ordenamento territorial, é coordenador da vertente desenvolvimento territorial do Observatório de Favelas, uma organização não governamental que, além de estudar, promove ações sociais em comunidades e favelas.