Em outubro de 2016, o programa Tome Ciência completou 29 anos de sua criação na rede comandada, em 1987, pela TV Educativa do Rio de Janeiro. Num sábado de 87, às 14:30 horas, começava a primeira experiência de divulgação científica a contar com a participação direta dos cientistas, pois era um conselho editorial, indicado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, que indicava os temas de reportagens e nomes de entrevistados.
Na estreia o programa apresentava aos telespectadores seu formato variado e concentrava a maior parte do tempo de seus quase 30 minutos com uma entrevista exclusiva com Renato Archer, o primeiro ministro de ciência e tecnologia a existir no país. Os cientistas do conselho faziam as perguntas e o ministro pode mostrar um quadro de nosso desenvolvimento na área, ainda marcada, por exemplo, pela lei de reserva de mercado na área de informática.
Exatamente na semana de gravação da entrevista, aconteceu o acidente nuclear em Goiânia, quando uma capsula com Césio-147, utilizada numa clínica abandonada de radioterapia, foi parar num ferro velho e acabou sendo manipulada por vários catadores de sucata. Desmontada a capsula, o material foi repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, que afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com Césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. E, evidentemente, notícia no primeiro e o tema central do segundo programa da série Tome Ciência.
Além de poder conhecer a situação da ciência do Brasil na época, quem for assistir o programa pela internet vai conhecer a primeira experiência no Brasil de abertura e vinhetas de programa feitas através de computação gráfica, pelos técnicos da Cobra Computadores. Outra curiosidade será ver nos créditos da equipe nomes como Lúcia Murat e Vicente Ferraz, hoje cineastas premiados, e também o primeiro trabalho, como assistente, do filho do cenógrafo Irênio Maia (apresentado como Guerreiro Maia), que se transformou no cenógrafo João Irênio, da atual novela “A regra do jogo”, do horário nobre da TV Globo.
Atualmente no formato de debates com quatro cientistas, apresentado pelo jornalista André Motta Lima (que na época entrevistava o ministro Archer), o programa continua a ser exibido, sem interrupções desde 2004, por uma rede de 24 emissoras (entre universitárias, educativas e legislativas) pelo país afora, alcançando 18 capitais estaduais, além de Brasília. Com o patrocínio inicial da Sasse – a seguradora da Caixa Econômica Federal, atualmente o programa é produzido com o apoio da Faperj, a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.