Debates da retomada a partir de 2004

 

CÉLULAS TRONCO E EMBRIÕES HUMANOS: A CURA PROIBIDA?

A utilização de células-tronco para desenvolver a cura de males como diabetes e doenças cardíacas está ameaçada por um projeto de lei que poderá inviabilizar a pesquisa e a cura de 5 milhões de brasileiros com doenças genéticas. Bioética, liberdade de pesquisa, religião e legislação são abordadas pelos especialistas.

Participantes: Radovan Borojevic, professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas, chefe do Departamento de Histologia e Embriologia da UFRJ e diretor do Banco de Células do Rio de Janeiro.  Padre Aníbal Gil Lopes, membro da Academia Nacional de Medicina e professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ. Francisco dos Santos Amaral Neto, doutor em Direito Privado e professor titular do Departamento de Ciências Jurídicas e econômicas da UFRJ. José Luiz Telles, médico especialista em Bioética da Fiocruz.


DAS ÁGUAS DE MARTE AO FOGO DE ALCÂNTARA

Decifrar o universo em que vivemos sempre esteve entre os maiores desafios da Ciência. Saber sua origem e seu destino é uma constante preocupação para físicos e astrofísicos.  O programa promove uma ampla discussão sobre a importância das atividades espaciais no Brasil e no mundo. Por que voltar à Lua e ir à Marte se a Terra ainda não resolveu seus próprios problemas?  O que o nosso planeta ganhou até agora com a conquista do espaço? Saiba sobre os riscos e perigos das atividades espaciais e entenda a explosão do foguete brasileiro VLS-1.

Participantes: Thyrso Villela Neto, pesquisador titular da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Paulo Murilo de Oliveira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física e professor titular de física da Universidade Federal Fluminense, membro da comissão que investigou o acidente de Alcântara. Ivan da Cunha Lima , professor titular do Instituto de física da Uerj e pesquisador aposentado do INPE, que ele ajudou a criar. José Monserrat Filho, vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial e membro do Instituto Internacional de Direito Espacial.


MEMÓRIAS DE UM PAÍS SEM MEMÓRIA

Pesquisadores e historiadores discutem a importância da memória, de documentos e de arquivos, na preservação da história brasileira. São debatidas questões relativas à preservação e ao acesso dos diferentes suportes da informação, como arquivos textuais, sonoros, audiovisuais e digitais. Outros aspectos abordados: as variadas versões dos acontecimentos, os arquivos como elementos de mediação entre memória e história, a política de arquivos no Brasil, o acervo do Cpdoc e a memória política do Brasil republicano.

Participantes: Alzira Alves de Abreu, doutora em sociologia e pesquisadora do Cpdoc, da Fundação Getúlio Vargas. Isabel Lustosa, diretora de pesquisa da Casa de Rui Barbosa. Nísia Trindade Lima, diretora da Casa de Oswaldo Cruz, um centro da Fiocruz dedicado à memória da ciência e da saúde. Celso Castro, doutor em antropologia e coordenador de pesquisas do Cpdoc da Fundação Getúlio Vargas.

 

 A NOVA FACE DAS VELHAS DOENÇAS

Com a mudança radical do meio ambiente, muitas doenças aparentemente erradicadas reapareceram, outras que não eram conhecidas agora afligem diversas populações. A conseqüência é a queda da barreira entre as espécies e o aparecimento de enfermidades como a gripe do frango e a Aids. Cientistas da área de saúde falam ainda sobre o crescente problema da resistência aos antibióticos e da grande mobilidade global que tem dificultado o controle de certas epidemias.

Participantes: Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ. Eduardo Costa, médico sanitarista, doutor em epidemiologia pela Fiocruz. José da Rocha Carvalheiro, professor de Medicina Social da USP, coordenador do projeto de inovação em Saúde da Fiocruz e editor da Revista Brasileira de Epidemiologia. Pedro Lagerblad de Oliveira, doutor em Biofísica e professor de Bioquímica Médica na UFRJ.


VIOLÊNCIA LATU SENSU

A violência é tão discutida hoje quanto o futebol: em cada cabeça brasileira uma tática considerada a mais eficaz. Ações governamentais, políticas públicas, atuação de associações, justiça e sistema penitenciário na visão dos cientistas dedicados ao estudo acadêmico do tema. Eles exploram ainda questões como controle social, juventude, gangues, violência na mídia, tráfico de drogas e crime organizado. O programa aborda também a discriminação racial e a desigualdade social na cultura da violência.

Participantes: Alba Zaluar, antropóloga, coordenadora do Núcleo de Pesquisa das Violências, o NUPEV, da Uerj. Michel Misse, professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos da Violência, da UFRJ. Cesar Caldeira, doutor em Direito e professor da Escola de Ciências Jurídicas da UniRio e da Faculdade de Direito da Universidade Cândido Mendes.  Michael Reichenheim, doutor em Epidemiologia e Saúde Pública, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj e pesquisador do Programa de Investigação epidemiológica em Violência Familiar do NUPEV.


TRANSGÊNICOS: A GENTE COME, LUCRA E NÃO CONHECE

Muita gente já consome alimentos transgênicos sem ao menos saber o que são esses organismos geneticamente modificados. Há quem se preocupe com conseqüências para a saúde e meio ambiente. Mas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a Embrapa – já conseguiu avanços garantidos que permitiram significativos crescimentos na exportação agrícola brasileira. Pesquisadores e cientistas debatem o problema, que já foi resolvido em muitos países do primeiro mundo. A desconfiança do público e dos políticos se baseia na ignorância? Quem deve bater o martelo sobre o consumo dos transgênicos? Os cientistas? Os políticos? Saiba como anda a lei de biossegurança que trata do assunto.

Participantes: Silvio Valle, coordenador do curso de biossegurança e pesquisador da Escola de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz. Marília Nutti, engenheira de alimentos, pesquisadora da Embrapa – Agroindústria de Alimentos. Norma Rumjanek, doutora em Genética de Microorganismos, pesquisadora em Agrobiologia na Embrapa. Heloisa Helena Barboza, professora titular de Direito Civil da Uerj e professora do curso de mestrado da Universidade.


FANTASMA DA MATEMÁTICA ATERRORIZA O FUTURO

O trauma da matemática que aflige os jovens estudantes reduz o interesse no estudo das disciplinas exatas, com prejuízos para o desenvolvimento tecnológico do país. Por que se ensina a teoria dos conjuntos no ensino fundamental para logo em seguida abandoná-la? Há modismos em matemática? Poderíamos sofrer menos com um ensino melhor? Afinal, a matemática não deveria doer, pois é mais fácil compreender que decorar. Essas e outras questões são debatidas neste programa, numa tentativa de provar que esse fantasma deve ser exorcizado.

Participantes: Suely Druck, professora de matemática da UFF e presidente da Sociedade Brasileira de Matemática. Aloísio Araújo, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, o IMPA.Luciano Castro, professor de Matemática, diretor de escola que conhece o dia-a-dia das salas de aula. Menga Ludke, educadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.


FAÇO O QUE MEU GENE MANDA?

A História documentou a necessidade de colonizadores e conquistadores de justificar, com base na ciência, a escravidão, o genocídio e a estratificação da sociedade. Hoje, pesquisadores e leigos perguntam se de fato as grandes mazelas da sociedade têm origem na genética. O comportamento violento, as tendências criminosas, o homossexualismo, a inteligência, o abuso de drogas, a esquizofrenia são herdados? Ou a educação e a cultura desempenham papéis predominantes? Essa é uma discussão polêmica e apaixonada, debatida por defensores das duas principais correntes do pensamento.

Participantes: Jorge Moll Neto, neurologista, coordenador da Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental da Rede D’Or de Hospitais, coautor, com o neurologista Ricardo Oliveira, de um mapeamento das emoções no cérebro.  Suzana Herculano Houzel, neurocientista do Departamento de Anatomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de livros sobre o funcionamento do cérebro e nossas emoções e desejos. Sérgio Snith, médico e psicólogo do Departamento de Neurofisiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ricardo Waizbort, doutor em literatura, que trabalha com filosofia da biologia na Casa de Oswaldo Cruz, da Fiocruz.


OBESIDADE, UMA DOENÇA DE PESO

Nos Estados Unidos, uma em cada três pessoas sofre de obesidade. Esse número impressionante é um alerta para todo o mundo, pois se trata de uma tendência que propaga-se rapidamente, inclusive em países menos desenvolvidos. Numa época em que a expectativa de vida aumenta, a obesidade passou a ser o vilão do momento, segundo a Organização Mundial de Saúde, superando a desnutrição e as doenças infecciosas. Por que os nossos hábitos alimentares mudaram? A cura existe ou basta uma operação de redução de estômago? A multiplicidade de dietas e modismos sem bases científicas. Não deixe de assistir a essa importante discussão que provavelmente afeta você, um amigo ou alguém de sua família.

Participantes: Marisa Dreyer Breitenbach, endocrinologista que trabalha com pesquisas na área de alterações metabólicas no Laboratório de Fisiologia Endócrina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Uerj. Cameron, professor da Unidade Genética e Biológica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a UniRio.Leila Souza Leão, mestre em nutrição e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Rosely Sichieri, epidemiologista do Departamento de Epidemiologia da Uerj.

 

ENERGIA NUCLEAR, UM CASO DE VIDA OU MORTE

Mais de meio século depois de Hiroshima e Nagasaki, a energia nuclear ainda é associada à morte e a riscos para a saúde. Mas para muitos doentes, depois da aplicação nuclear na medicina, esse tipo de energia virou sinônimo de vida. O uso energético propriamente dito divide especialistas e ambientalistas pelo mundo todo. Energia nuclear – o uso, os riscos e a evolução no Brasil – é o tema deste debate.

Participantes: Alejandro Szanto de Toledo, professor titular de Física Nuclear da Universidade de São Paulo. Paulo Roberto Gomes, professor do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense. Edson Kuramoto, engenheiro da Eletronuclear e diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).

 

PROGRAMA DE ÍNDIO: RESGATE CULTURAL

Hoje, no Brasil, vivem cerca de 345 mil índios, distribuídos entre 215 sociedades indígenas, o que representa cerca de 0,2% da população brasileira.  Cerca de 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, as quais pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes. Mas não é só a linguagem indígena que interessa à ciência. Desde o descobrimento, o chamado homem civilizado teve seu mundo enriquecido pelos índios. Os conhecimentos nativos, em ampla área de biodiversidade, são aproveitados pela medicina e disputados pelas indústrias farmacêuticas. A linguagem, a cultura, os hábitos, a filosofia e até a astronomia indígena são debatidos por especialistas em cultura nativa.

Participantes: Ruth Monserrat, professora de linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro e assessora de lingüística do Ministério da Educação para a formação de professores índios. Luiz Borges, lingüista, trabalha atualmente no projeto sobre Astronomia Guarani do Museu de Astronomia e Ciências Afins, o Mast.  Ricardo Ventura, professor do Museu Nacional e do Departamento de Antropologia da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, conhecedor dos saberes medicinais.
 

OS SONHOS DE UM BOM SONO

Nosso desempenho físico e mental durante o dia está diretamente ligado a uma boa noite de sono. Passamos cerca de um terço de nossas vidas dormindo.  Na infância, cerca de 90% do hormônio do crescimento são liberados durante o sono. Mais de 1/3 da humanidade têm tendência à insônia. Muitas vezes, problemas para dormir surgem como respostas à agressão exercida sobre o nosso ritmo biológico normal. Métodos e clínicas especializadas já ajudam a embalar os sonhos dos brasileiros. Saiba o que a ciência já descobriu sobre um hábito tão banal e importante do ser humano.

Participantes: Dalva Poyares, neurologista professora de Medicina do Sono da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Márcio Bezerra, neurologista, diretor do Instituto do Sono da Universidade Estácio de Sá. Flávio Magalhães, pneumologista e responsável pelo Laboratório do Sono Sleep. Andréa Bacelar, neurologista especialista em Medicina do Sono e titular em Polissonografia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia.
 

A VIDA NO COMPUTADOR

A bioinformática é um estudo tão recente que os dicionários ainda nem registram. Essa nova disciplina científica, com raízes nas ciências da computação, na estatística e na biologia molecular, desenvolveu-se para enfrentar os resultados das iniciativas de seqüenciamento de genes. Cientistas também tentam reproduzir no computador o funcionamento do cérebro e utilizam a máquina para prever doenças e fenômenos naturais. A cada dia o computador ganha mais espaços, não só na ciência como no dia-a-dia dos brasileiros, criando novos hábitos e costumes. E até novas preocupações, como a exclusão digital.

Participantes: Paulo Bisch, professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Instituto Virtual de Bioinformatica e Modelagem de Biosistemas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro. Cláudia Codeço, doutora em Biologia Quantitativa, pesquisadora do Departamento de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz. Carlos Lucena, professor do Departamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a PUC, e membro da Academia Brasileira de Ciências.


CÂNCER NO CAMINHO DO CONTROLE

Há alguns anos falava-se “naquela doença” ou diminuía-se o tom da voz para falar câncer – uma associação praticamente imediata com morte certa.  A doença – que não é uma; são quase 200 tipos – continua sem a tão esperada solução de cura, matando um em cada oito brasileiros. Mas é certo que crescem os casos de cura e controle, com diagnósticos e remédios cada vez mais precisos. O câncer no caminho do controle é o tema deste programa.

Participantes: Eliezer Barreiro, professor titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Instituto Virtual de Fármacos do Rio de Janeiro. Maria da Glória Carvalho, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, e chefe do Laboratório de Oncologia Molecular do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.  Ilana Zalcberg, chefe do Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional do Câncer, o Inca.

 

CIÊNCIA OLÍMPICA

No esporte de alto desempenho, o homem desafia constantemente seus próprios limites. A cada competição recordes são quebrados e marcas superadas. Até onde vai essa evolução? Especialistas falam da ajuda que a ciência tem dado a atletas profissionais e amadores. Avanços nas técnicas de treinamento, a aplicação da bioquímica e da biomecânica são exemplos da contribuição da ciência para a evolução da prática esportiva no Brasil.

Participantes: Turíbio Leite de Barros Neto, médico, da área de fisiologia do esporte, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).  Victor Andrade de Melo, da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Instituto Virtual do Esporte da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (Faperj). Estélio Henrique Martin Dantas, do Laboratório de Biociências da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco.  Francisco Radler, coordenador do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, o LADETEC da UFRJ, o único laboratório na América do Sul credenciado pelo Comitê Olímpico Internacional para análises de controle de dopagem no esporte.

 

ÁGUA NOSSA DE CADA DIA

O desenvolvimento sustentável, a alimentação, os ecossistemas, a saúde e o bem estar de milhões de pessoas dependem de um bem, normalmente maltratado pelo homem: a água. O uso abusivo e a má gestão dos recursos hídricos podem levar à escassez constituindo uma ameaça à humanidade no futuro. Segundo a ONU, em menos de cinqüenta anos, mais de quatro bilhões de pessoas – 45% da população mundial – estarão sofrendo com a falta de água. Escassez, abastecimento no Brasil, poluição e ecologia estão no debate de especialistas no assunto.

Participantes: Olaf Malm, doutor em Química Ambiental, pós-doutor em Medicina Ambiental, pesquisador do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ. Vera Lúcia de Moraes Huszar, doutora em ecologia, pesquisadora do Departamento de Botânica do Museu Nacional. Sandra Azevedo, doutora em Ecologia Aquática, também pesquisadora do Instituto de Biofísica da UFRJ.

 

NANOTECNOLOGIA: QUANTO MENOR, MELHOR

 O mundo esta à beira de uma nova revolução tecnológica, desde que os cientistas aprenderam a sintetizar e manipular moléculas e átomos individualmente. A utilização de átomos como unidade básica permite, em teoria, a construção de nanomáquinas, capazes de realizar tarefas até agora inimagináveis. Nano é o prefixo grego que indica um bilionésimo. Um nanômetro (bilionésimo de metro) é a escala de comprimento de átomos ou moléculas simples. Parece ficção cientifica, mas algumas aplicações já existem na química, na biologia e em outras áreas da ciência. Essa nova promessa da ciência, a nanotecnologia, é o tema do debate de especialistas.

Participantes: Fernando Lázaro, diretor do Departamento de física da PUC-Rio e coordenador do Instituto Virtual de Nanotecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Paulo Bisch, professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Instituto Virtual de Bioinformatica e Modelagem de Biosistemas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro. Bartira Rossi Bergmann, professora adjunta do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ e chefe do Laboratório de Imunofarmacologia. Marcos Pimenta do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais

 

UNIVERSIDADE EM HORA DE EXAME

Ter centros de pesquisa, de extensão e de produção científica e tecnológica altamente qualificados não é uma exigência apenas de ordem acadêmica. É uma necessidade para o desenvolvimento brasileiro atualmente em debate por vários setores da sociedade. A proposta de reforma universitária que o governo pretende encaminhar este ano ao Congresso prevê o combate às desigualdades. Também estão na pauta deste debate: o sucateamento das universidades públicas, a participação da sociedade na reforma, bolsas nas instituições privadas, filantropia e o polêmico sistema de cotas.

Participantes: Nelson Maculan, Secretário de Educação Superior do MEC, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Luiz Davidovich, professor titular do Instituto de Física da UFRJ e diretor da Academia Brasileira de Ciências.  Moysés Nussenzveig, professor Emérito do Instituto de Física da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências.

 

 ELEIÇÃO TEM CIÊNCIA

Em época de eleições a figura do “marqueteiro” adquire evidência e não são poucos os que atribuem a este profissional a capacidade de eleger candidatos. A aferição de tendências do eleitor, mais que mecanismo de verificação e trabalho, muitas vezes se transforma em peça de divulgação e propaganda, tentando influenciar o voto. Metodologia de pesquisa e marketing eleitoral são os assuntos que estão em pauta no debate. Especialistas falam sobre a contribuição da ciência nas estratégias de campanhas eleitorais.

Participantes: Cid Pacheco, publicitário e professor de Comunicação Política e Eleitoral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos pioneiros do Marketing Eleitoral no Brasil. Marcus Figueiredo, doutor em Ciência Política, diretor de Pesquisa do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (DOXA). Maurício de Vasconcellos, doutor em saúde pública, professor de pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ENCE/IBGE) e ex-presidente do Conselho Federal de Estatística. Marco Antônio Souza Aguiar, professor universitário e ex-diretor técnico do IBGE, dirige a empresa Methodos de consultoria de pesquisa e há 20 anos é consultor das pesquisas políticas do Ibope.

 

ECONOMIA NO PODER

A ciência econômica constitui um ramo de estudo muitas vezes alçado ao topo das prioridades governamentais.   Até onde vai a ciência econômica e começa a ideologia? Freqüentemente, lança-se mão desta ciência para atingir os mais diversos objetivos políticos. Este debate de especialistas tenta delimitar fronteiras entre política e economia. O papel da economia – e dos economistas – nos governos. As tendências e escolas econômicas e o uso pelo poder.

Participantes: Eli Diniz, professora titular de ciência política do Instituto de Economia da UFRJ. Mario Possas, professor titular do Instituto de Economia da UFRJ. Fernando Cardim de Carvalho, professor titular do Instituto de Economia da UFRJ. José Carlos de Assis, jornalista econômico, economista e professor

 

ARQUEOLOGIA: O RESGATE DO PASSADO

Sem a contribuição da ciência arqueológica, muitas das informações dos livros de história geral não estariam à disposição do conhecimento humano. Escavações e outras técnicas científicas desvendam mistérios do passado e contribuem para o descobrimento de vestígios de antigas sociedades. O Brasil é responsável por importantes descobertas da arqueologia e possui centenas de sítios arqueológicos catalogados, que foram capazes de demonstrar que tipos de pessoas viviam em nosso país. Especialistas falam ainda sobre as técnicas científicas que permitem precisar a idade de um fóssil ou objeto antigo.

Participantes: Tania Andrade Lima, doutora em arqueologia, pesquisadora do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Hilton Silva, médico, bioantropólogo, professor do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ. Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves, médico infectologista, pesquisador do laboratório de paleoparasitologia da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP) da Fiocruz. Nelson Castro Faria, engenheiro, Ph.D. em Física, professor titular de Física da UFRJ.

 

OS DONOS DA CIÊNCIA

A lei de patentes regula obrigações e direitos com relação à propriedade industrial. Ela garante ao inventor de um produto, de um processo de produção ou de um modelo de utilidade o direito de obter a propriedade de sua invenção por um período pré-determinado. O direito autoral, a lei de inovação, a propriedade intelectual e a lei de patentes estão neste debate de especialistas. A promoção da política industrial brasileira e o desenvolvimento cientifico e tecnológico em ambientes produtivos dependem desse conjunto de instrumentos. O que é patenteável? Qual o tempo de validade de uma patente? Pirataria, marca registrada e política internacional também estão na pauta.

Participantes: Eduardo da Motta e Albuquerque, doutor em economia, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais. Jorge Ávila, engenheiro civil, matemático, mestre em administração de empresas, doutor em saúde coletiva, vice-presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Sergio Paulino de Carvalho, doutor em política científica e tecnológica, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) e do Grupo de Estudos sobre a Organização da Pesquisa e da Inovação da Unicamp. R. Fernandes, consultor de empresas na área de gestão tecnológica.

 

A CIÊNCIA E A LEI

A constante evolução dos avanços científicos e tecnológicos acaba influenciando as leis. Novas realidades proporcionadas pela ciência — fertilização in vitro, clonagem, células tronco, alimentos transgênicos — geram situações inéditas para o ser humano.  É dever do direito acompanhar essas sucessivas transformações e criar leis adequadas às novas circunstâncias. Nesse sentido, algumas questões se fazem prioritárias: o embrião possui direitos constitucionais? É justo investigar o genótipo de um indivíduo para fins de emprego ou seguro saúde? A relação entre ciência e direito é o tema deste debate, que aborda ainda o direito ambiental, ética, direito dos animais, congelamento de cadáveres e eutanásia.

Participantes: Franklin Rumjanek, Ph.D., professor titular do Departamento de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo Laboratório de Bioquímica Molecular de schistosoma mansoni e pelo Laboratório SONDA – UFRJ, que presta serviços de paternidade e identidade por DNA ; Sônia Barroso, mestre em Direito Civil, professora das Universidades Estácio de Sá, Cândido Mendes e Gama Filho; Maurício Govêa, procurador federal, membro do Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e membro da Comissão de Bioética do Hospital Universitário Clementino Fraga da UFRJ. André Tostes, advogado, procurador do Município do Rio de Janeiro e professor na Pontifica Universidade Católica (PUC).

 

 NOVA INFÂNCIA

As crianças de hoje pouco têm a ver com as do passado. É raro vermos os pequenos envolvidos em brincadeiras de rua ou protegidos em sua ingenuidade.  Recebem sim, um grande volume de informações e produtos inimagináveis há 50 anos.  Novas alternativas — videogame, televisão, internet — transformam a infância e criam uma nova realidade a ser estudada.  Este debate de especialistas aborda ainda a onda de bullying (intimidação e provocação entre crianças nas escolas), o estímulo antecipado ao sexo, limites e critérios educacionais, relações familiares e a exposição à violência.

Participantes: Maria Tereza Maldonado, mestre em psicologia, membro da Academia Americana de Terapia de Família, autora de mais de vinte livros. Marcos Ribeiro, sexólogo, consultor do Ministério da Saúde, coordenador da ONG Cores – Centro de Orientação e Educação Sexual, também autor de vários livros, sobre sexualidade. Leonardo Azevedo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chefe do Serviço de Neurologia e Pesquisador do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Rosália Duarte, doutora em Educação, professora do Departamento de Educação da PUC-Rio, onde organiza a parte brasileira de uma pesquisa mundial sobre a reação dos jovens aos estímulos televisivos.

 

CIÊNCIA PARA TODOS

Num país onde, a cada ano, menos de 1% da população visita algum centro ou museu de ciência, a divulgação científica assume um papel fundamental. A ciência, no entanto, só é lembrada na mídia com descobertas ou acontecimentos apresentados como espetaculares. Mas a verdade é bem outra: o processo de produção, as limitações e incertezas, tão importantes para os cientistas, são normalmente deixados de lado. Essas e outras realidades da divulgação científica estão no debate de especialistas em plena Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Participantes: Ennio Candotti, físico, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ildeu de Castro Moreira, físico, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diretor do Departamento de Divulgação Científica da Secretaria de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia. Henrique Lins de Barros, também Físico, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), ex-diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e membro da rede de popularização de ciência da América Latina. Luisa Massarani, jornalista especializada em ciência, coordenadora do Centro de Estudos do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz na Fiocruz e coordenadora na América Latina e Caribe do Science and Development Network.

 

É MEDICINA OU NÃO É?

A medicina tradicional abrange 64 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). As fronteiras entre medicina tradicional e as consideradas alternativas, no entanto, parecem cada vez mais tênues. A acupuntura, antes desconsiderada, já faz parte da graduação na Faculdade de Medicina da USP. A homeopatia tem o aval do CFM mas não é considerada científica por muitos médicos. Técnicas complementares de tratamento, embora baseadas em teorias da medicina oficial, não são aceitas como especialidades médicas. Como classificar a sabedoria indígena, a fisiologia ortomolecular, a psiquiatria antroposófica, a fitoterapia, as terapias holísticas, os florais de Bach?  Este debate de especialistas ajuda a entender até onde vai a medicina e no que podem ajudar certas terapias complementares.

Participantes: Flavio Edler, historiador, doutor em Saúde Coletiva, professor do Programa de Pós-graduação em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, na Fiocruz, professor de História da Medicina na Universidade Estácio de Sá, presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência. Afrânio Coelho de Oliveira, médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Superintendência de Câncer da Prefeitura do Rio de Janeiro. Marcus Vinicius Ferreira, médico especializado em acupuntura, coordenador da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ). Fabio Bolognani, médico pós graduado em homeopatia, presidente da Federação Brasileira de Homeopatia, membro fundador da Câmara Técnica de Homeopatia do Cremerj.

 

TERAPIA GENÉTICA

Apesar da intensa divulgação quando da aprovação pelo Congresso Nacional, o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas não foi bem compreendido por grande parte da população. Muitas pessoas se ofereceram como cobaias para um processo de cura cujas pesquisas ainda nem tinham começado. Neste debate, especialistas falam sobre os avanços na pesquisa e tratamento genético no Brasil e mostram que este tipo de terapia não está restrita a problemas como paralisia de membros ou mal de Parkinson. Existem várias outras doenças que podem ser tratadas com novas técnicas, capazes de evoluírem se receberem apoio adequado.

Participantes: Marcelo Morales, presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica e professor pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rafael Linden, professor titular e diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ. Ivan Figueira, psicólogo, membro da Associação Carioca de Assistência à Mucoviscidose, a ACAM, e pai de paciente com fibrose cística. Rosália Mendes Otero, pesquisadora, professora titular de Biofísica da UFRJ.

 

CONVIVENDO COM AS DIFERENÇAS

Apesar de toda miscigenação brasileira e da forte presença do negro na sociedade, os indicadores sociais mostram que ainda há preconceito racial no país. Partindo deste problema, o programa discute o preconceito na sociedade brasileira – da escravidão e da política oficial embranquecimento da população para “alavancar” o progresso no país até as liberdades conquistadas pelas mulheres e homossexuais. Os convidados abordam as diferenças genéticas entre raças e gêneros e falam sobre questões polêmicas como cotas em universidades e políticas afirmativas.

Participantes: Ângela Fontes, economista e subsecretária de planejamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Antônio Solé-Cava, professor da pós-graduação em genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Carlos Alberto Medeiros, jornalista, pesquisador, mestre em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em ciências sociais pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Carla Ramos, antropóloga, mestranda do Programa de Prós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com tese sobre a lei de cotas na UERJ.

 

INOVAÇÃO: QUANDO A CIÊNCIA VALE DINHEIRO

Já se sabe que mais de 70% do preço de um produto está vinculado à sua criação e desenvolvimento tecnológico que, por sua vez, depende diretamente das inovações científicas. No Brasil, os investimentos nesta área são ainda muito limitados. Tanto, que o país possui apenas 0,2% das patentes mundiais. Os convidados deste programa apontam problemas no sistema brasileiro, dão exemplos de políticas que deram certo e fazem propostas para que o país avance nesta área.

Participantes: Odilon Antônio Marcuzzo do Canto, ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria e diretor de desenvolvimento científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos, a Finep. Roberto Nicolsky, professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor-geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica, a Protec. Luiz Martins de Melo, economista da UFRJ, ex-diretor da Finep e secretário-geral da Fundação Universitária José Bonifácio. Antonio Petraglia, da Escola Politécnica e da Coordenação de Projetos de Pós Graduação em Engenharia, a Coppe, da UFRJ, representante da Sociedade Brasileira de Microeletrônica.

 

O FUTURO DA TERRA

O aquecimento global já é uma realidade sentida pelos habitantes do planeta. E suas conseqüências mais ainda. Os noticiários mostram a cada dia novos casos de inundações, secas ou correntes marinhas capazes de alterar o clima de certas regiões. Os países firmam acordos, nem sempre unânimes, como o Protocolo de Kioto, para tentar conter as alterações climáticas. Neste debate os convidados abordam os problemas que nos levam ao quadro atual, o que está sendo feito para que o futuro seja melhor e quais as propostas capazes de garantir o futuro de nosso planeta.

Participantes: Jorge Xavier da Silva, PHD em geografia e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Izimar de Azevedo Santos, professor de meteorologia da UFRJ. Luiz Gylvan Meira Filho, professor visitante do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e ex-vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre mudança do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Rui Cerqueira Silva, professor titular do Departamento de Ecologia da UFRJ.

 

CIÊNCIA E RELIGIÃO NO MUNDO TECNOLÓGICO

O posicionamento frente a avanços científicos acelerados é um desafio do pontificado de Bento XVI. Da pesquisa com células-tronco ao uso de preservativos numa África ameaçada pela AIDS, aspectos polêmicos expõem a contraposição entre o discurso científico, que embute uma lógica de comprovação, e o pensamento religioso. Um dilema que afeta também outras religiões. A coexistência dos discursos e da prática da atividade científica por não ateus também está presente neste debate, com a participação de pensadores de formações diversas.

Participantes: Dom Dimas Lara Barbosa, bispo-auxiliar da cidade do Rio de Janeiro e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Carlos Ziller, físico, doutor em filosofia, professor adjunto de História da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com tese sobre a ciência na Companhia de Jesus. José Paulo Netto, doutor em Serviço Social e professor da UFRJ, autor do livro “Marxismo Impenitente – contribuição à história das idéias marxistas”. Rony Gurwicz, economista e rabino do Kolel-Rio.

 

POR DEBAIXO DO SOLO

A extensão continental é tida como uma das principais características do Brasil e sempre citada quando se falam das possibilidades de crescimento econômico do país. Com tanta terra, podemos imaginar que existem muitas riquezas por debaixo do solo.  E é exatamente este o tema abordado no debate. Especialistas falam sobre os minérios que existem no território brasileiro, as técnicas de extração destas riquezas naturais, a preocupação com o meio-ambiente e a importância destes produtos para a economia nacional.

Participantes: Miguel Antônio Cedraz Nery, diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Adão Benvindo da Luz, diretor do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem). Gilberto Calais, consultor, economista e doutorando em economia na área de mineração na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Roberto de Barros Emery Trindade, pesquisador titular do Cetem e engenheiro metalúrgico.

 

QUANDO FREUD SE EXPLICA

Em quase todos os debates de foro humanístico realizados atualmente a opinião de um psicanalista é evocada. Através da explicação do que é a psicanálise, quais os seus conceitos básicos e as diferentes vertentes desta área de conhecimento, este debate mostra porque a teoria criada por Sigmund Freud ainda é tão usada para entender o que se passa pela mente dos seres humanos. Os convidados falam sobre a relação da psicanálise com a ciência e alertam sobre questões contemporâneas que permeiam a secular teoria, como iniciativas de regulamentação a profissão de psicanalista e a tentativa de apropriação por parte de alguns grupos evangélicos.

Participantes: Wilson Chebabi, médico psiquiatra e psicanalista. Joel Birman, psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do programa de mestrado e doutorado em teoria psicanalítica na UFRJ, professor-adjunto do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autor de livros sobre o tema, como “Psicanálise, Ciência e Cultura”. Miguel Calmon, psicanalista. Eduardo Losicer, psicanalista e analista institucional.

 

ENSINO A DISTÂNCIA

As novas tecnologias estão provocando uma revolução em diversas áreas do saber. Na educação, responsável pela construção dos alicerces do conhecimento, não é diferente. O uso do rádio e da televisão, associados à internet, que além de ter suas características singulares ainda congrega as outras mídias, faz com que haja um crescimento no número de cursos a distância oferecidos pelos estabelecimentos de ensino, sendo eles públicos ou privados. Neste debate, especialistas falam sobre as características desta forma de educação e a relação deste método com os tipos de tecnologia usados.

Participantes: Lígia Silva Leite, coordenadora do Pólo Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), pós-doutora em tecnologia educacional pela Universidade de Pittsburgh, professora do mestrado em Educação da Universidade Católica de Petrópolis e professora do curso de doutorado em tecnologia educacional e educação a distância da nova Southestern University da Flórida. Maria Esther Provenzano, técnica em assuntos educacionais e coordenadora da divisão de projetos educacionais do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet), socióloga com mestrado em educação em novas tecnologias pela Universidade Estácio de Sá e especialista em avaliação a distância pela Universidade Federal de Brasília. Lina Pastor Romiszowski, pedagoga, pesquisadora em educação a distância, mestre em tecnologia educacional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), doutora em design e desenvolvimento instrucional pela Siracuse University e diretora técnico-pedagógica da empresa Tecnologia Treinamento e Sistemas.


A CAMINHO DA 4ª IDADE

Os cientistas ainda não encontraram a fonte da juventude, mas as descobertas no campo da biomédica já são responsáveis pelo aumento da expectativa de vida no país e no mundo. A cada dia se torna mais comum ver pessoas completando 90 anos com a saúde em dia, num mundo em que maiores de 65 anos já são considerados idosos. Estas mudanças, no entanto, são responsáveis por mudanças sociais e econômicas, principalmente quanto à previdência social e gastos com planos de saúde. Neste debate, os convidados falam também sobre as questões relacionadas à saúde e qualidade de vida, indicando os caminhos para se viver bem com muita idade.

Participantes: Paulo Farinatti, coordenador do laboratório de atividade física e promoção da saúde da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), formado em Educação Física pela UERJ, com doutorado em fisiologia cardiorespiratória pela Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, e representante do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte no Conselho Nacional do Idoso. Ana Amélia Caramano, coordenadora da área de população e cidadania do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea), professora do mestrado em Estudos Populacionais da Escola Nacional de Estatística do Rio de Janeiro e autora do livro “Os Novos Idosos no Brasil. Muito Além dos 60?”. Márcia Rozenthal, neuropsiquiatra, doutora em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenadora do programa de esquizofrenia e cognição do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e pesquisadora ligada ao Centro de Alzheimer do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Tânia Guerreiro, geriatra, gerontóloga, homeopata, mestre em saúde coletiva com tese sobre o trabalho desenvolvido na Oficina de Memória da UERJ, doutora em Ciência Biomédicas pela UERJ, com tese sobre os efeitos do trabalho de estimulação da memória entre os idosos.

 

POR DENTRO DA POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES

O Presidente Lula volta e meia é criticado por conta das inúmeras viagens ao exterior. Crítica que enfrentou, também, seu antecessor e oponente Fernando Henrique Cardoso. Hoje, é evidente a mudança no foco de interesse da política externa, pela concentração, agora, em países árabes e africanos. Mas os métodos de execução da política externa são semelhantes e sugerem uma prática moldada pelos mesmos executores – os diplomatas que representam o Brasil, independentemente de quem está, no momento, no poder. O que se negocia lá fora, normalmente tem reflexos diretos nos interesses internos do país, especialmente os econômicos. Neste debate, os convidados falam ainda sobre o prestígio de nossa política de relações exteriores no mundo e como interpretar a insistência em um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Participantes: Williams Gonçalves, sociólogo, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, e da Universidade Federal Fluminense, UFF. João Pontes Nogueira, economista, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ, com pós-doutorado em relações internacionais pela Universidade de Denver, Estados Unidos. Clóvis Brigagão, cientista político, com título de notório saber em relações internacionais concedido pela Universidade Cândido Mendes, Unicam, na qual é diretor-adjunto do Centro de Estudos das Américas.

 

BELEZA POSTA NA MESA

No mundo inteiro, a busca pela aparência perfeita está se transformando em uma verdadeira epidemia. Nos últimos 10 anos, só na América Latina, houve um acréscimo de 200% na procura por cirurgias plásticas. O Brasil só perde para os Estados Unidos na quantidade de cirurgias estéticas realizadas. No quesito insatisfação com a aparência, as brasileiras só perdem para as japonesas. Mas por que  isto está acontecendo ?  Muitos dizem que a culpa é da mídia. Não é à toa que numa pesquisa internacional, 68% das mulheres dizem que os meios de comunicação usam padrões inatingíveis e 75% querem ver pessoas normais retratando a beleza. Neste programa, os convidados põem a beleza na mesa e apontam caminhos para o equilíbrio na busca pela boa aparência.

Participantes: Everardo Abramo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica/RJ, coordenador e professor da Clínica Fluminense de Cirurgia Plástica de Niterói, titular da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. Gláucia Helena Barbosa, psicóloga, mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ, psicanalista pela Sociedade de Psicanálise Iracy Doylle, Spid, no Rio de Janeiro, ex-integrante do serviço de psicologia da enfermaria de cirurgia plástica coordenada pelo professor Ivo Pitangy na Santa Casa da Misericórdia, no Rio de Janeiro.. Marcelo Silva Ramos, antropólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,  pesquisador  sobre gênero, conjugalidade e corpo no Instituto de Filosofia, Ciências Sociais da UFRJ.  Helena Lopes, publicitária, sócia-diretora da agência de propaganda Tática.

 

BRASILEIROS SOB MEDIDA

Quase toda semana os jornais do país apresentam manchetes com dados de uma nova pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Através destes números o país passa a se conhecer melhor: quem mais sofre com a violência, quais os avanços sociais ou quem tem mais acesso à educação. Mas para se obter estes resultados, amplamente usados pelo governo na formatação de políticas públicas, não basta sair pelas ruas com pranchetas na mão fazendo perguntas. O planejamento e o estudo são indispensáveis. O Brasil é o líder na área de estudos populacionais, na América Latina, mas ainda tem que crescer para chegar ao nível de países do primeiro mundo. Neste debate, os participantes explicam como são feitos estes estudos, a importância deles e os reflexos da divulgação de seus resultados, derrubando alguns tabus, como o da gravidez precoce.

Participantes: Elza Berquó, demógrafa, membro da Academia Brasileira de Ciências, pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Unicamp e coordenadora da área de população e sociedade do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o Cebrap. Simone Wajnman, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, professora do Departamento de Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Cedeplar/UFMG. Kaizô Iwakami Beltrão, mestre em matemática aplicada pelo INPA, doutor em estatística  pela Universidade de Princenton, Estados Unidos, pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. José Eustáquio Diniz Alves, cientista social e economista, professor do mestrado em estatística populacional e pesquisas sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.

 

O ARGUMENTO DAS ARMAS

Nunca se pesquisou tanto sobre o uso de armas de fogo no país. Os resultados sobre a relação das armas com os números de crimes e com a violência são analisados pelos especialistas em meio ao debate sobre a restrição de comercialização de armamentos no país. Um referendo nacional pode vir a impedir, na prática, o uso de armas pelo cidadão comum, apesar da reação de grupos organizados, que defendem o controle rígido como forma de continuar permitindo o porte como instrumento de defesa.

Participantes: Alba Zaluar, antropóloga, coordenadora do Núcleo de Pesquisa das Violências, o NUPEVI, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Domício Proença Júnior, especialista em armamentos e segurança, coordenador do Grupo de Estudos Estratégicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres. Josephine Bourgois, mestre em ciências sociais pela Universidade de Nova Iorque e pesquisadora da área de controle de armas do movimento Viva Rio. Leonardo Arruda, engenheiro mecânico, diretor da Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas.

 

A FÍSICA 100 ANOS DEPOIS DA REVOLUÇÃO DE EINSTEIN

O mundo inteiro tratou de comemorar em 2005 o centenário das grandes descobertas do gênio Albert Einstein.  Em menos de um ano, em 1905, ele redefiniu a natureza da luz, provou a existência dos átomos e moléculas, revolucionou os conceitos de espaço e tempo e a relação entre matéria e energia.  As já não tão novas teorias de Einstein permitiram termos hoje energia nuclear, computadores, transmissões de satélite, raios laser, DVDs e muito mais.  Mas tudo isto pode ser muito pouco. O que a física explicou até agora, dizem os especialistas, seria apenas uns 4% do que existe no Universo.

Participantes: Henrique Lins de Barros, doutor em física, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Jorge Sá Martins, pesquisador do CNPq e coordenador do ensino de graduação em física na Universidade Federal Fluminense (UFF). Martin Makler, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e doutor em física na área de cosmologia. Alfredo Tiomno Tolmasquim, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), que trabalha com história da ciência e lançou recentemente o livro “Einstein, o viajante da relatividade na América do Sul”.


REMÉDIOS EM BUSCA DE SOLUÇÕES CURATIVAS

Quando alguém entra num bar, não pede uma garrafa de cachaça, pois não vai mesmo tomar inteira. Pede dose por dose. Remédio tem que ser assim: comprado apenas na medida certa que se vai tomar. A comparação foi feita pelo Presidente Lula, ao defender que a comercialização de medicamentos tem que atender aos interesses da população e não apenas dos laboratórios. O governo chegou a divulgar a quebra de patente de um dos medicamentos capaz de manter vivos portadores do vírus da Aids.  Produzido no Brasil, ele custaria 68 centavos de dólar a unidade, contra um preço, já reduzido pelo fabricante norte-americano, de 1 dólar e 17 centavos. O laboratório estrangeiro acabou cedendo mais e o governo voltou atrás na quebra da patente: uma economia, só em 2006, de 18 milhões de dólares. Neste debate, especialistas discutem o porquê dos preços dos remédios, o peso das pesquisas científicas na composição dos custos e quais as saídas capazes de permitir soluções mais baratas e eficazes para a saúde da população.

Participantes: Cláudio Maierovitch Henriques, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Núbia Boechat, doutora em química orgânica, diretora do Instituto de Tecnologia em Fármacos, o laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. Eliezer Barreiro, professor titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde coordena o Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Biotivas, e também coordenador do Instituto Virtual de Fármacos do Estado do Rio de Janeiro. Beatriz Fialho, economista, com tese de doutorado comparando o setor farmacêutico nos Estados Unidos e no Brasil, que trabalha na gerência de projetos da Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo  Cruz.

 

CORRUPÇÃO, EM TESE

Se, no jornalismo, recorrer à definição de dicionário é sinônimo de falta de conteúdo para destacar, isto, com certeza, não se aplica ao tema deste debate. Quando se trata de corrupção, o que não falta é novidade: mensalão, caixa 2, mala de dinheiro, dinheiro na cueca e a mais recente denúncia de ontem. Associada quase sempre ao suborno e ao dinheiro escuso em troca de vantagens, a corrupção pode ser muito mais. E o que o dicionário ajuda a lembrar é que corrupção é, principalmente, depravação, decomposição, putrefação, destruição da substância. Simplificando, o apodrecimento da sociedade. Neste programa, estudiosos do assunto ajudam a entender melhor como esse mal se entranha na sociedade  e verificar se existem saídas e soluções.

Participantes: Ministro Waldir Pires, da Controladoria-Geral da União, responsável por fiscalizar internamente o uso dos recursos do governo, detectar casos de irregularidade e malversação de fundos. Michel Misse, doutor em sociologia, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Roberto Kant, antropólogo, doutor pela Universidade de Harvard, coordena o Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas da Universidade Federal Fluminense (UFF). Marcos Bezerra, doutor em antropologia social, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do livro “Corrupção – Um Estudo Sobre Poder Público e Relações Pessoais no Brasil”.

 

INCLUSÃO NO NOVO MUNDO DIGITAL

Ir ao caixa eletrônico e passar o cartão na máquina é algo aparentemente simples para quem assimilou o raciocínio de quem criou aquela máquina. Para quem se candidata a um emprego, o uso do computador pode ser decisivo na conquista da vaga. Atualmente, quem não tem acesso à internet ou ao uso de computadores é, de certa forma, um analfabeto; um analfabeto digital. Também chamada por alguns de apartheid digital, a exclusão digital ainda é uma realidade em nosso país: 100 milhões de pessoas ainda não acessam internet no Brasil, pelo menos até 2008, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Um desequilíbrio que levou o presidente Lula, no final de 2009, a afirmar que a inclusão digital, da mesma forma como a inclusão social, deve ser encarada como uma prioridade nacional, o que levou o governo a acelerar providências para implantar a banda larga em todo o país. Mas existem sinais de melhoras e o Brasil já tem a maior média mundial de tempo de acesso. O que não representa dizer bom uso das ferramentas, pois até a existência de computadores não garante necessariamente a qualidade do ensino. Os especialistas convidados debatem as formas de utilizar esse novo mundo das comunicações: inclusão digital, computador em sala de aula, programas livres ou nacionais, educação a distância e interatividade da TV digital. Afinal, como a tecnologia pode mudar nossas vidas? O conteúdo deste programa foi sugerido pela Sociedade Brasileira de Computação, que é vinculada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC e, nesta condição, integra o conselho científico do Tome Ciência.

Participantes: Maria Helena Cautiero Horta Jardim, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado em matemática, é consultora do Ministério da Educação e coordena um dos projetos mais premiados do país, no Município de Piraí, no Estado do Rio de Janeiro, onde lá vigora na rede pública o conceito de um computador por aluno em sala de aula. Monica Santos Dahmouche, vice-presidente científica da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – o Cecierj – possui graduação, mestrado e doutorado em física atômica, mas acabou dedicando-se à divulgação e popularização da ciência.  Luis Cláudio Tujal, com mestrado e originalmente engenheiro, trabalha com pesquisa em computação em nuvem e em computação quântica na Coordenação Estratégica de Tecnologia do Serpro, o Serviço Federal de Processamento de Dados.  Jorge Luiz de Almeida Barbosa, técnico em informática, membro do Comitê de Inclusão Digital do Serpro, com experiência no trabalho dos tele-centros comunitários em áreas carentes e rurais, de onde surgiu e evoluiu até virar funcionário concursado.


DIRETO NO FÍGADO

O fígado, o maior órgão interno do corpo humano, tem cerca de 1 quilo e meio e executa mais de 500 funções. Participa da digestão, armazena vitaminas, estoca energia, desintoxica, filtra e equilibra – uma verdadeira central química, capaz de se recompor e se multiplicar quando são, mas sem nenhuma chance de se reabilitar quando seriamente danificado. De tão importante, o fígado chega a ser associado à idéia de intensidade: diz-se inimigo figadal quando o sentimento de ódio é profundo.  E o fígado é vinculado à ira e ao humor, sobrando a bondade para o coração. Neste programa, os especialistas desvendam os segredos do fígado falam sobre as hepatites e os novos  tratamentos, cirrose e mudanças na fila de transplante.

Participantes: João Luiz Hauer, médico hepatologista e presidente do Grupo de Fígado do Rio de Janeiro, que organiza anualmente encontros nacionais sobre o fígado. Cláudio Figueiredo Mendes, chefe do serviço de hepatologia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, professor das faculdades de medicina da Universidade Gama Filho e da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Eduardo Fernandes, cirurgião do programa de transplante de fígado do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Pneus velhos viram óleo, óleo de fritura vira combustível e o reaproveitamento do bagaço de cevada, numa fábrica de cerveja, pode render mais de 10 milhões de reais por ano. Com tecnologias avançadas,  empresas desenvolvem processos industriais que, além de preservar o meio ambiente, geram lucros extras. Mas a possibilidade de promover crescimento econômico com preservação da natureza, infelizmente, só começou a ser discutida mais seriamente no Brasil com o assassinato do ambientalista Chico Mendes, em 1988. Enquanto o mundo tratava de dar forma ao chamado desenvolvimento sustentável, vigorava no Brasil o preconceito quanto aos “ecochatos”, “naturebas” e outros termos depreciativos. Neste programa os debatedores falam sobre a evolução da mentalidade que permite usar o conhecimento para crescer sem destruir a natureza.

Participantes: Irene Garay, doutora em ecologia, chefe do laboratório de ecologia de solos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Flávio Almeida, gerente de projetos do Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. José Henrique Cortez, ambientalista, coordenador de projetos socioambientais da Câmara de Cultura. Wadih João Scandar, engenheiro agrônomo, coordenador do projeto de indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE.

 

PESQUISADORES DO UNIVERSO

A origem do universo sempre intrigou a humanidade. Na busca de respostas para os fenômenos da natureza quase sempre o inexplicável é atribuído a razões sobrenaturais. Mas para os debatedores deste programa – cientistas por opção e profissão – nada é mais natural que procurar  explicações para o desconhecido. Ao examinar o Universo com o auxílio das mais avançadas tecnologias, eles questionam inclusive as teorias que já pareciam solidificadas, como a que atribuía a origem de tudo a uma grande explosão, o big bang. Comentam das mais recentes descobertas e explicam a expansão acelerada, que pode vir ser o fim de tudo.

Participantes: Jaime Fernando Villas da Rocha, doutor em astronomia,  professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ) e coordenador nacional da Comissão de Ensino da Sociedade Astronômica Brasileira. Martin Makler, doutor em física na área de cosmologia, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Nelson Pinto Neto, doutor em física e pesquisador titular do CBPF, com pós-doutorado na Universidade Pierre et Marie Curie, na França. Maurício Ortiz Calvão, com pós-doutorado em física na Universidade California Berkeley, nos Estados Unidos, é professor da Universidade do Estado  Rio de Janeiro (UFRJ).

 

A BOCA DO BRASILEIRO

O Brasil tem a maior quantidade de dentistas do mundo: cerca de 200 mil em atividade. Mas pouco mais de 30 milhões de brasileiros jamais foram examinados por um dentista. Um desequilíbrio que tende para o pior: 75% dos idosos e 30% dos adultos, entre 30 e 44 anos, já são desdentados.  E só aproximadamente 22 % dos adultos consegue ter uma gengiva saudável. Em 2004 o Ministério da Saúde lançou o plano Brasil Sorridente para tentar mudar este quadro. Neste programa especialistas fazem o diagnóstico da boca do brasileiro, discutem os principais problemas em saúde bucal e analisam as políticas públicas atuais. E revelam ainda detalhes curiosos, como a quase exclusão de Ronaldinho da seleção de futebol por problemas dentários.

Participantes: Elson Fontes Cormack, doutor em Odontologia Social, professor e vice-diretor do Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ). Outair Bastazini, presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro, especialista em ortopedia funcional do maxilar e ortodontia. Mônica Macau Lopes, dentista-sanitarista, mestranda em Saúde Coletiva no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Leila Senna Maia, odontopediatra, especialista em saúde da família e voluntária da Organização Não Governamental Ressurgir, que atua com as famílias das crianças atendidas pelo Hospital Municipal Sales Neto.

 

TECNOLOGIA A SERVIÇO DA ENERGIA ALTERNATIVA

O fim do petróleo já tem previsão: 40 anos, no prognóstico otimista, ou no máximo 20, dependendo ritmo do desenvolvimento mundial. Na busca de alternativas, a experiência brasileira tem destaque mundial. A tradição uso do álcool em veículos vem do tempo da segunda grande guerra, embora tenha ganho destaque em 1973 quando a primeira crise do petróleo marcou o fim da era do combustível barato e abundante. O Brasil acaba de inaugurar, no Piauí, mais uma fábrica de biodiesel, capaz de produzir 90 mil litros por dia. Outras variadas opções estão em estudo no mundo, como a produção de energia a partir do hidrogênio e o combustível sintético. Vento, sol e até as ondas do mar também já são fontes estudadas. Neste programa especialistas discutem os projetos, apontam caminhos e analisam as perspectivas das formas alternativas de  produção de energia.

Participantes: Carlos Augusto Arentz Pereira, engenheiro químico com mestrado em engenharia de produção, gerente de desempenho energético do Sistema Petrobras. Suzana Kahn Ribeiro, engenheira mecânica com doutorado em Engenharia de Produção, professora do programa de engenharia de transportes da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe /UFRJ) e coordenadora do setor de transportes do programa das Nações Unidas para o Clima, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC. Paulo Emílio Valadão de Miranda, engenheiro metalúrgico e de materiais, com pós-doutorado na Ecole Centrale de Paris e Université de Paris-Sud, França, professor titular e chefe do Laboratório de Hidrogênio da Coordenação de Programas de Pós-graduação em Engenharia (Coppe/UFRJ). Luciano Basto Oliveira, doutor em planejamento energético e pesquisador da Coppe, trabalha com aproveitamento da energia da biomassa residual (lixo) no Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG) da Coppe.

 

BIODIVERSIDADE EM BUSCA DO FUTURO

O Brasil tem a maior diversidade de flora e fauna do planeta. Detém o maior número de espécies conhecidas de mamíferos e de peixes de água doce, o segundo de anfíbios, o terceiro de aves e o quinto de répteis. Com mais de 50 mil espécies de árvores e arbustos, tem o primeiro lugar em diversidade vegetal. Os números impressionam, mas, segundo estimativas aceitas pelo Ministério do Meio Ambiente, podem representar apenas 10% da vida no país. Conhecer os 90% restantes pode contribuir de forma significativa para a agricultura, a pecuária, a extração florestal e a pesca, além de abrir uma ampla possibilidade na área de novos fármacos. Motivado pelo Ano Internacional da Biodiversidade, em 2010, o Brasil pretende investir cinco vezes mais dinheiro em pesquisas, o que certamente pode alterar nosso futuro.

Participantes: Ladislau Araujo Skorupa, engenheiro florestal e doutor em ciências biológicas, é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a Embrapa – na unidade de meio ambiente, onde atua na área de botânica e engenharia florestal, com ênfase em recuperação de áreas degradadas, especialmente da Amazônia.  Angelo da Cunha Pinto, graduado em farmácia, com mestrado e doutorado em química, é professor titular do departamento de química orgânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se dedica a pesquisas com plantas medicinais.  João Alves de Oliveira, formado em ciências biológicas, com mestrado e doutorado em zoologia, faz pesquisas em sistemática e taxonomia de mamíferos e é professor do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional da UFRJ, onde também exerce a função de curador da coleção de mamíferos, a maior da América Latina, com mais de 100 mil espécimes.  Gustavo Ribeiro Xavier, doutor em ciência do solo e professor da pós-graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e, também, da UFRJ, em biotecnologia vegetal, atua como pesquisador da Embrapa na área de ecologia microbiana, voltada para aplicações práticas de biotecnologia.

 

AS MUITAS FORMAS DE EDUCAÇÃO CIENTIFICA

Divulgar os benefícios da ciência ajuda a estimular vocações e permite a defesa de mais recursos para as pesquisas. Consequentemente, mais desenvolvimento, mais avanços. Mas já há quem conteste o rumo do próprio desenvolvimento baseado nas novas tecnologias. Afinal, houve época em que a ciência podia tudo e que tudo seria possível no mundo a partir dos conhecimentos científicos. De repente, o louvado DDT, o pesticida que permitiu o aumento da produção agrícola, revelou-se desastroso para a saúde. Os CFCs dos sprays, geladeiras e ar condicionado começaram a abrir um buraco na camada de ozônio e tiveram de ser retirados de cena. Consta que os primeiros e verdadeiros divulgadores da ciência foram os gregos, com sua preocupação de ensinar a arte de pensar e duvidar; valorizando o pensamento como a grande força da vida humana. Repensar e definir o tipo de difusão e educação científica que queremos é o desafio dos convidados do programa.

Participantes: Maria de Fátima Brito Pereira, socióloga, diretora executiva da Casa da Ciência – o centro cultural de ciência e tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – foi eleita presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência.  Henrique Lins e Barros, doutor em física e pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, já foi diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, outro espaço dedicado à popularização da ciência, é autor de filmes e obras de divulgação científica e integra o Conselho Editorial do Tome Ciência desde os anos 80.  Nélson Maculan Filho, doutor em engenharia de produção, também conselheiro do programa desde o início, já foi reitor da UFRJ, Secretário Nacional de Educação Superior e Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro.  Rui Cerqueira Silva, doutor em zoologia de vertebrados, é professor titular do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ampla experiência na preparação de professores do ensino médio.

 

QUIMICA ALÉM DAS FORMULAS

Quando uma pessoa diz que “rolou uma química” em relação a outra pessoa, todo mundo entende que tipo de atração é, sem precisar decorar fórmulas nem misturar letras e números, tarefa que já complicou muita gente no ensino médio. Afinal, as pessoas não param para pensar nisso, mas o próprio ato de pensar depende de reações químicas, pois são substâncias químicas que produzem as transmissões elétricas de um neurônio para outro. Na verdade a química está presente em tudo: borracha, plástico, celulose; tudo depende de compostos e reações químicas. E se a ciência da química permitiu transformar petróleo em plástico – hoje vilão na natureza por conta da dificuldade de decomposição, poluindo o meio ambiente – pode estar na química também a solução para reciclagens, filtragens e despoluição. O mundo da química e dos químicos no Brasil, na proximidade do Ano Internacional da Química, em 2011, motivam nosso debate do programa.

Participantes: Álvaro Chrispino, doutor em educação, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, publicou livros sobre o ensino de química e também conhece as dificuldades do ensino de ciências no ciclo básico, pois foi Subsecretário Municipal de Educação na cidade do Rio de Janeiro e também em Brasília.  Ângelo da Cunha Pinto, graduado em farmácia, com mestrado e doutorado em química, é professor titular do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se dedicando a pesquisas com plantas medicinais. Aurélio Baird Buarque Ferreira, com formação em química industrial e engenharia química, é doutor em química orgânica, na área de fotoquímica, e professor e pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Robério Fernandes Alves de Oliveira, diretor-tesoureiro da Associação Brasileira de Química e especialista em gestão de resíduos sólidos é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, o antigo Cefet/química.

 

TECNOLOGIA E SEU IMPACTO NA SAUDE

A evolução da ciência nos últimos anos fica mais evidente na saúde, onde é inegável a importância da tecnologia – que é ciência aplicada – na melhoria da qualidade de vida no mundo todo. Remédios, vacinas, anestésicos; ressonância magnética, ultrassonografia, tomografia computadorizada – são muitas as opções para diagnóstico e cura. Existem ainda os exemplos em  equipamentos voltados para terapias, como os que permitem a fragmentação de pedras nos rins, a hemodiálise, o cateterismo, endoscopia, cirurgias minimamente invasivas, feitas com auxílio de câmaras minúsculas, e muito mais. Mas será que nosso país tem profissionais capazes de produzir e manter esta tecnologia, muitas vezes importada, em hospitais de todo o imenso território brasileiro? E o acesso? Estará ao alcance de todos? O Sistema Único de Saúde tem como garantir a universalização desses avanços científicos? Esses questionamentos partem dos próprios cientistas da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, pois foram eles que sugeriram e se dispuseram a debater o assunto, pois as sociedades vinculadas à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC – participam do Conselho Científico do Tome Ciência sugerindo assuntos e indicando convidados.

Participantes: Renato Amaro Zângaro, presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, é graduado em engenharia elétrica, tem mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior, em engenharia biomédica, e é professor titular da Universidade Camilo Castelo Branco – a Unicastelo, de São Paulo.  Eduardo Jorge Valadares Oliveira, graduado em engenharia elétrica e mestre e doutor em engenharia biomédica, é o Coordenador Geral de Equipamentos e Materiais de Uso em Saúde do Ministério da Saúde.  Alcimar Barbosa Soares, graduado em engenharia elétrica, com mestrado e doutorado em engenharia biomédica, é Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal de Uberlândia. Henrique Olavo de Olival Costa, com graduação e doutorado em medicina, é coordenador de pesquisas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, de São Paulo.

 

REPENSANDO A CIÊNCIA NO BRASIL

De 1985, data da primeira Conferência Nacional, até hoje, o sistema de ciência e tecnologia do país cresceu e enfrenta novos desafios: a educação de qualidade em todos os níveis, o debate sobre novos padrões de desenvolvimento via inovação, o papel da inovação na agenda empresarial, o desenvolvimento da ciência básica, o papel do Brasil no mundo e o papel da CT&I na redução das desigualdades e na inclusão social. A importância e o papel que a 4ª Conferencia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação pode ter na organização da ciência e no desenvolvimento sustentável do país é discutido neste debate com cientistas diretamente envolvidos na definição da política científica do Brasil.

Participantes: Luiz Davidovich, secretário-geral da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com graduação e doutorado em física, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem participação importante na Academia Brasileira de Ciências, na Academia de Ciências de Países em Desenvolvimento e também na Academia de Ciência dos Estados Unidos. Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, ex-secretário-geral da conferência, cargo que passou para Davidovith ao assumir a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, também tem doutorado em física e é professor titular da UFRJ, além de membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências de Países em Desenvolvimento. Jacob Palis Junior, presidente da Academia Brasileira de Ciências e também presidente da Academia de Ciências de Países em Desenvolvimento, é doutor em matemática e professor titular do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, instituição que dirigiu por 10 anos. Adalberto Moreira Cardoso, doutor em sociologia, professor e pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, o Iuperj, e também pesquisador associado do Centro Brasileiro de Análises e Planejamento, é secretário adjunto no Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, entidade com a qual o programa tem estreita ligação, pois as sociedades vinculadas à SBPC são as consultoras científicas do Tome Ciência, sugerindo assuntos e indicando convidados.

 

ALGO A MAIS NO AR, ALÉM DOS AVIÕES DE CARREIRA

A cada dia que passa a conquista espacial se afasta mais daquela forte noção antiga de guerra fria e disputa entre Estados Unidos e União Soviética. Hoje é bem mais difundida a importância dos satélites na vida cotidiana, das transmissões de TV ao uso dos GPSs – aqueles aparelhinhos que orientam os motoristas pelos desconhecidos caminhos do trânsito. Já se sabe também da importância do rastreamento de imagens para a previsão de tempo, controle de desmatamento, mapeamento e segurança. Mas o que talvez poucos saibam é que o Brasil é um dos sete países do mundo com programa espacial completo, ou seja, sítios de lançamento, foguetes e satélites, razão pela qual foram reunidos neste programa especialistas capazes de possibilitar mais uma viagem pelos caminhos do conhecimento.

Participantes: Carlos Ganem,  presidente da Agência Espacial Brasileira, é economista, advogado e administrador de empresas, com MBA pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e vasta experiência em funções executivas em empresas públicas e privadas, no Brasil e no exterior. Petrônio Noronha de Souza, engenheiro mecânico, mestre em ciência espacial e doutor e engenharia, chefia o Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e foi um dos fundadores da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), que presidiu por dois períodos. José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional do Ministério da Ciência e Tecnologia, além da formação completa em direito internacional é graduado pela Universidade Internacional do Espaço, vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial e diretor do Instituto Internacional de Direito Espacial, que tem sede em Amsterdam. José Bezerra Pessoa Filho, mestre e doutor em engenharia mecânica, é do Instituto de Aeronáutica e Espaço, do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial do Ministério da Defesa e, além de realizar pesquisas envolvendo aquecimento aerodinâmico e radiativo em veículos espaciais, trabalha diretamente em projetos de foguetes.

 

CIÊNCIA NA MESA DAS NEGOCIAÇÕES

A publicação de uma descoberta em revista científica, durante muitos anos foi o único processo de reconhecimento e de intercâmbio entre os pesquisadores. A velocidade das comunicações no mundo globalizado alterou o processo de produção de conhecimento, que se tornou também mais claramente vinculado aos conceitos de soberania nacionais. Recentemente os cientistas da Associação Americana para o Avanço da Ciência defenderam o uso do desenvolvimento tecnológico como ferramenta diplomática para o governo dos Estados Unidos. Mais que nunca a ciência faz parte agora da mesa de negociações. Neste programa, especialistas esclarecem quais seriam as novidades, as demandas e os obstáculos para um desempenho mais amplo, profundo e efetivo da colaboração científica em busca do desenvolvimento sustentável para todos os países, sem prejuízos e perdas para as condições de vida no planeta.

Participantes: José Monserrat Filho, assessor de comunicação quando da criação, em 1985, do Ministério da Ciência e Tecnologia, é o atual chefe da Assessoria de Cooperação Internacional do MCT. Graduado em direito em Moscou, com mestrado e doutorado em direito internacional, estudou em Haia e em Estrasburgo, na França.  João Alziro Herz da Jornada, professor titular de física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez pós-doutorado nos Estados Unidos e preside o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – o Inmetro –, que é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.  Adilson de Oliveira, graduado em engenharia química, com doutorado e pós-doutorado no exterior, mas em economia, é professor titular do Instituto de Economia Industrial da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde dirige o Colégio Brasileiro de Altos Estudos. Hayne Felipe da Silva, graduado em farmácia com mestrado em química de produtos naturais, é o coordenador técnico do programa Farmácia Popular do Brasil e diretor de Farmanguinhos, unidade responsável pela produção anual de um bilhão de medicamentos por ano que, além de pesquisar e produzir novos remédios, possui um sistema de interação internacional que possibilita intercâmbios, colaborações e também alguns conflitos no mercado de fármacos.

 

PESQUISA EM CAMPO, ALIMENTO NA MESA

Da época de nosso descobrimento para cá, muita coisa mudou. A evolução do nosso  conhecimento científico tratou de relativizar o ufanismo da famosa frase “em se plantando, tudo dá”, de Pero Vaz de Caminha, quanto às nossas qualidades agrícolas.  O milho,por exemplo, que veio do México, precisou ter sua linhagem melhorada para poder ser rentável. Hoje, com modificações genéticas, está no topo das polêmicas sobre alimentos transgênicos. O milho também serve como exemplo moderno de alimentos fortificados – ou acrescidos de vitaminas  – para melhorar a alimentação da população. O trajeto da agricultura em nosso país é a própria história de como o conhecimento e a pesquisa  científica podem influir na produtividade e na qualidade do que plantamos e colocamos em nossa mesa. Esse é o tema em debate com especialistas em pesquisas de alimentos.

Participantes: Jose Luiz Viana de Carvalho, engenheiro agrônomo, com mestrado em ciência e tecnologia de alimentos, é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a Embrapa – atuando principalmente com biofortificação de alimentos, segurança alimentar, qualidade tecnológica e sistemas de gestão da qualidade.  Rubens Onofre Nodari, agrônomo, com mestrado e doutorado, é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, com experiência na área de genética vegetal e melhoramento de plantas, já tendo sido gerente de recursos genéticos vegetais do Ministério do Meio Ambiente.  Silvio Valle Moreira, originalmente médico veterinário, se especializou em engenharia genética, na Itália, na França, nos Estados Unidos e em Cuba. Pesquisador titular em saúde pública na Escola Politécnica de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, é membro de várias comissões de biossegurança, inclusive a que trata da avaliação de transgênicos seus derivados na Anvisa , Agência Nacional de Vigilância Sanitária.  José Antônio Azevedo Espíndola, mestre e doutor em agronomia, lidera na Embrapa um projeto de agricultura orgânica para o Brasil, que reúne 27 centros de pesquisa, mais de 350 pesquisadores e técnicos, além de 25 instituições parceiras, como ONGs, universidades, e instituições de pesquisa e extensão.

 

A CIENCIA DA VELHICE

Nosso famoso país de jovens envelhece tão rapidamente que até 2025 já seremos o sexto do mundo em número de idosos. Em 2020 a população começará a encolher e a expectativa de vida aumentará ainda mais. A ciência faz parte do processo, conhecendo e combatendo mais as doenças e o próprio  envelhecimento. Mas há quem garanta que nosso sistema de saúde não está preparado para lidar com esse aumento de expectativa de vida: faltam asilos, cuidadores e até o respeito da sociedade. Especialistas nessa nova realidade de um Brasil que envelhece esclarecem no que o conhecimento científico pode ajudar a garantir uma velhice digna.

Participantes: Renato Peixoto Veras, médico, com mestrado e doutorado em envelhecimento, e professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro é o diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade, uma iniciativa pioneira da UERJ.  Marcia Rozenthal, doutora  em psiquiatria, psicanálise e saúde mental, é professora e coordenadora do Centro Multidisciplinar de Pesquisa e Extensão sobre o Envelhecimento (Cempe) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a Unirio.  Lucia França é professora titular do mestrado em psicologia da Universidade Salgado de Oliveira, onde desenvolve projetos e pesquisas sobre atitudes e educação para a aposentadoria, tema de sua tese de doutorado.  Sandra Rabello de Frias, formada em assistência social, é a secretaria geral do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa no Estado do Rio de Janeiro e também coordenadora de projetos de extensão da Unati, a Universidade Aberta da Terceira Idade.

 

MAIS ENERGIA NA CIENCIA DO CLIMA

O mundo inteiro fala e diz que se preocupa com o aquecimento global e com a necessidade de mudar de rumos para alcançar um desenvolvimento sustentável. Mas quando ocorre a oportunidade de um encontro mundial para acertar como fazer – tal como ocorreu no final de 2009, em Copenhague – não se chega a um acordo. O mesmo já tinha acontecido com o protocolo de Kyoto, que previa medidas para a redução de carbono na atmosfera, mas que não contou com o apoio de países importantes, como os Estados Unidos, por exemplo. Como então sair do impasse? O que cada país pode fazer? O Brasil, durante a reunião de Compenhague, prometeu reduzir as queimadas. No início de 2010 criou um Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, em busca de aprimorar um caminho de energia menos poluente. Mas, ao mesmo tempo, estimula a idéia de tirar petróleo do pré-sal. Neste debate especialistas dão informações que possibilitam entender melhor as razões do desentendimento mundial e saber como a ciência pode ser utilizada cada vez mais para ajudar a combater o aquecimento global.

Participantes: Marcos Silveira Buckeridge, formado em ciências biológicas,  professor da Universidade do Estado de São Paulo, a USP, tem doutorado e pós-doutorado no exterior, é o diretor científico do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol. Coordena também um instituto nacional de bioetanol, que congrega 29 laboratórios em 6 estados, e é um dos pesquisadores indicados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.  Marina Freitas Gonçalves de Araújo Grossi é economista, preside o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o CEBDS – uma coalização empresarial responsável por 40% do produto interno bruto do país –, representou o governo nas negociações do Protocolo de Kyoto e foi coordenadora do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.   Carolina Burle Schmidt Dubeux, com doutorado em planejamento energético e ambiental, coordena o projeto Economia da Mudança do Clima no Brasil, também esteve na delegação brasileira da reunião de Copenhague e trabalha como pesquisadora do Centro Clima da Coordenação dos Projetos de Pósgraduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Sérgio Besserman Vianna, professor do departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é membro do conselho diretor da WWF- Brasil, o fundo mundial para a natureza, e trabalha no tema mudanças climáticas desde 1992, tendo sido membro da missão diplomática brasileira em duas conferencias da ONU, acompanhando de perto a reunião de Compenhague. Preside a Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e de Governança Metropolitana da Cidade do Rio de Janeiro e é também comentarista da CBN, a central de rádio do Sistema Globo, e do canal a cabo Globonews.

 

ALIMENTOS EM CRISE

Os cálculos são de 2008: a cada minuto morrem, pelo menos, 11 crianças de fome no mundo. O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a FAO, revela que 923 milhões de pessoas passam fome em nosso planeta. A tragédia aumentou junto com os preços globais dos alimentos, que subiram 52% de 2007 para 2008. Somos 6,7 bilhões no mundo e produzimos quase um quilo de grãos por pessoa, todo o dia, segundo os cálculos do pesquisador Ladislau Dowbor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Os pesquisadores e estudiosos que calculam números da miséria e da crise na distribuição de alimentos também investigam razões para entender melhor o que se passa por detrás das estatísticas.Participantes: Marília Regini Nutti, mestre em ciência de alimentos, que busca assegurar, em trabalhos de pesquisa na Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que os avanços da ciência e da tecnologia sejam aplicados no enriquecimento da dieta alimentar dos mais pobres.  Gervásio Castro de Rezende, professor titular da Universidade Federal Fluminense, com mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, com linhas de pesquisa sobre crise de alimentos e  economia agrária. Cândido Grzybowski, sociólogo com doutorado em Paris e pós-doutorado na Universidade de Londres, um dos coordenadores do Fórum Social Mundial, é diretor executivo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o Ibase, fundado por Herbert de Souza, o Betinho, criador e estimulador da luta contra a fome no Brasil.

 

ALTERNATIVAS ENERGETICAS EM COMBUSTÃO

A possibilidade de crescimento da produção brasileira de petróleo na plataforma continental não garante o futuro do Brasil dentro de um quadro mundial de preocupação com as condições climáticas. Mas o biodiesel e o etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, menos poluentes e festejados como solução, já enfrentam várias acusações, de responsáveis pelo aumento mundial dos preços de alimentos à perda de biodiversidade no planeta. As pesquisas com o biocombustível avançam dentro dos laboratórios científicos e a contribuição do conhecimento é cada vez maior para o entendimento das implicações comerciais e ambientais que cercam esse assunto. Para tentar entender qual será futuro das alternativas energéticas no Brasil e no mundo, o programa convidou especialistas diretamente envolvidos com o dia-a-dia do ramo, verdadeiros doutores em energia.   Participantes: João Norberto Noschang, geólogo com pós-graduação em Engenharia de Segurança, integra a Diretoria Industrial da Petrobras Biocombustível. Foi o primeiro coordenador do Programa Tecnológico de Energias Renováveis da empresa e também estruturou as linhas de pesquisa da Petrobras em biocombustíveis, incluindo biodiesel e etanol de segunda geração, e ainda as de energia eólica, solar, térmica, fotovoltaica e energia dos mares. Elba Bom, professora do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, é coordenadora científica e coordenadora setorial da área de produção de celulases do Projeto Bioetanol. O projeto, financiado pelo Governo Federal, envolve 15 universidades brasileiras, centros de pesquisa, uma empresa e a colaboração de universidades estrangeiras. Álvaro Barreto, pesquisador do Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes do Instituto Nacional de Tecnologia – INT, é o coordenador do grupo temático responsável pela caracterização e controle de qualidade da Rede Brasileira de Tecnologia em Biodiesel, uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia.  Eduardo Cavalcanti, pesquisador da Divisão de Corrosão do INT, coordena o projeto para implantação de biodiesel em municípios das regiões sul e metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, a Faperj.

 

CASAIS DA ATUALIDADE

Todas as pesquisas indicam que a mulher cresce a cada dia no mercado de trabalho. Atualmente, mais da metade da população feminina trabalha fora. Recente estudo do ERC, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, aponta ainda o aumento do número de famílias chefiadas por mulheres: de 19 para 28 por cento, em 13 anos analisados. Mas os dados econômicos nem sempre se refletem na intimidade da relação entre os sexos. Mais dinheiro não representa mais poder, nem menos trabalho doméstico. É verdade que os homens começam a dividir um pouquinho mais as tarefas. Mas continuam também agredindo companheiras e querendo impor desejos sexuais. Para analisar a influência desses novos tempos na forma tradicional de constituição familiar, o programa convidou especialistas da área acadêmica e também agregou a vivência de quem acompanha, na prática do dia-a-dia, a relação entre homens e mulheres.

Participantes: Inamara Pereira da Costa, delegada de polícia, dirige a Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher, coordenando as nove delegacias especializadas do Estado do Rio de Janeiro. Regina Navarro Lins, psicanalista e sexóloga, que de terapeuta e professora de Psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, acabou se transformando em polêmica autora de livros sobre sexo, onde defende que o modelo atual de casamento está no fim. Bernardo Jablonski, doutor em psicologia social e professor da PUC-Rio, é o autor da pesquisa “Cotidiano e Divisão de Tarefas e Responsabilidades entre Homens e Mulheres”, financiada pela Faperj, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Jeremias Ferraz Lima, doutor em psicanálise, é professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ.

 

COMPUTANDO OS GRANDES DESAFIOS

Um Grande Desafio (Grand Challenge) pode ser entendido como um problema fundamental em  ciência ou engenharia, com grande impacto econômico, científico e social, cuja solução requer ações integradas de médio ou longo prazo, tipicamente envolvendo cooperação da academia e da indústria, em uma região específica ou mesmo com abrangência mundial. Hoje, observa-se certa tendência no sentido de planejar e estruturar grandes avanços científicos e tecnológicos, possivelmente envolvendo quebras de paradigmas, através da identificação, planejamento e solução de problemas que representam grandes desafios. No Brasil esta iniciativa parece ser ainda muito tímida embora algumas áreas, como a computação, a física e a medicina, venham demonstrado alguma articulação neste sentido. Com a ajuda de especialistas em tecnologia da informação o programa explica, com exemplos práticos, o conceito de grandes desafios.

Participantes: Arndt ER Staa, professor do Laboratório de Engenharia de Software do Departamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é doutor em ciência da computação pela Universidade de Waterloo, do Canadá, onde também fez o pós-doutorado. Ronald Cintra Shellard, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – o CBPF – e professor da PUC do Rio, é doutor em física pela Universidade da Califórnia, com pós-doutorados no exterior. Trabalha com partículas, raios cósmicos e computadores de alta performace. Celso da Cruz Carneiro Ribeiro, professor titular do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal Fluminense, com doutourado e pós-doutorados no exterior. Washington Braga Filho, professor da PUC do Rio, com doutorado pela Universidade de Michigan, é coordenador administrativo da Rede Rio, a rede de computadores das universidades e centros de pesquisa, uma iniciativa da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj.

 

DE ONDE VIEMOS, PARA ONDE VAMOS?

Completados 150 anos – em julho de 2008 – da teoria da evolução, de Charles Darwin, o ser humano ainda se interroga sobre suas origens. Basta lembrar os criacionistas, que defendem a existência de uma inteligência superior por trás de todos os eventos de criação da vida. Neste mesmo ano de 2008, cientistas do mundo inteiro se juntaram para colocar em funcionamento, um túnel subterrâneo de 27 quilômetros de circunferência, só para poder examinar as condições do Big Bang – para muitos a origem do universo. O que também é contestado. Afinal, do ponto de vista científico, como teria surgido a vida humana em nosso planeta?  E o próprio planeta? E como anda a nossa evolução biológica? Superada pelas intervenções da medicina? Mais dependentes da cultura?

Participantes: Martin Makler, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o CBPF, e pós-doutor em física na área de cosmologia.  Ricardo Campos-da-Paz, biólogo e zoólogo, professor de evolução na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Unirio, com pós-doutorado no assunto, pois é um estudioso das teorias da evolução.  Cláudia Augusta de Morais Russo, professora do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, com pós-doutorado em genética animal e estudos dedicados aos processos evolutivos.

 

FAVELAS SEM PRECONCEITOS

Quando se fala em favelas, a associação imediata é com violência, de traficantes ou milícias, e Rio de Janeiro. E mais: miséria, superpopulação, pobreza. Mas não é o que mostram as pesquisas. São Paulo, por exemplo, tem mais favelas que o Rio. Vigário Geral e Parada de Lucas, das mais conhecidas no noticiário policial, têm 100 % das casas com energia elétrica; 99 % com água encanada; 98 % com esgoto e 97 % com coleta de lixo. E o número médio de pessoas por residência – e vale dizer que 89 % são casas próprias – é bastante próximo da média da cidade. Números bem distantes da lógica que uniformiza o debate de políticas públicas para as favelas, embora elas sejam diferenciadas e exijam conhecimento cada vez mais especializado. É o que vem acontecendo no mundo acadêmico com o crescimento de pesquisas, teses e até organizações não governamentais criadas a partir da ação de cientistas sociais.

Participantes: Cristóvão Duarte, mestre em urbanismo, doutor em planejamento urbano e regional é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, e autor de pesquisa sobre produção e reprodução dos espaços populares, com apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro, a Faperj. Sávio Raeder, geógrafo com especialização em políticas de solo urbano e mestre em ordenamento territorial, é coordenador da vertente desenvolvimento territorial do Observatório de Favelas, uma organização não governamental que, além de estudar, promove ações sociais em comunidades e favelas.
 

FUMO É DROGA E ALCOOL É CRIME?

O uso de álcool e fumo pelos seres humanos remonta aos tempos mais antigos, muitas vezes acompanhados de rituais sagrados. Nos dias de hoje os governos do mundo combatem o uso do fumo e tratam de desestimular o consumo do álcool. Leis reduzem propaganda e espaço para fumantes. Nos Estados Unidos o cigarro já está sendo classificado como uma droga a ser regulamentada pela agência de saúde. O Brasil discute uma nova lei que reduz de 13 para meio por cento o percentual de álcool para as bebidas com propaganda autorizada. E bebida para quem dirige já virou crime. Os interesses econômicos envolvidos nesta discussão são enormes, mas sempre resta saber por que a ciência demorou tanto a entrar nesta polêmica. O programa tentar verificar neste debate as razões de uso e de condenação dessas substâncias milenares. 

Participantes: Tânia Cavalcante, médica hematologista e mestre em saúde publica, é chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer e coordenadora da Comissão Intergovernamental para o Controle do Tabaco no grupo saúde do ERCOSUL. Cristina Maria Douat Loyola, originalmente enfermeira, com mestrado em ciências sociais e pós-doutorado em saúde pública, concilia a função de professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a supervisão de um Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas – o Caps de Nova Iguaçu. Desde 2005 é consultora da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde.  Marcelo Nobre Migon, perito psiquiátrico do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, doutorando em saúde pública do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, com clínica voltada para dependentes de tabaco e álcool. Maria do Céu Lamarão Battaglia, psicoterapeuta e mediadora de conflitos, trabalha com jovens, a área mais crítica quando se trata do uso de álcool e drogas.

 

INOVAÇÃO: NOVAS AÇÕES

Fazer as pesquisas e descobertas científicas chegarem em forma de utilidade para a vida das pessoas é um dos maiores desafios do mundo moderno. O celular, por exemplo, é uma invenção, de certa forma recente, que a cada dia incorpora mais aplicações e recursos, movimentando muito dinheiro entre fabricantes, operadores, publicidade e usuários. Enfim, alterando o dia-a-dia com muita tecnologia. Para possibilitar essas inovações o governo lança programas e cria estímulos. Mas as dificuldades permanecem e, na comparação com outros países, o Brasil não evolui com uma boa taxa de desenvolvimento tecnológico próprio. O programa busca debater o que falta para melhorar o desempenho brasileiro.

Participantes: Reinaldo Dias Ferraz de Souza, coordenador geral de Serviços Tecnológicos do Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável por propor e acompanhar as políticas públicas de desenvolvimento tecnológico das empresas brasileiras. Mauricio de Vasconcellos Guedes Pereira, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com extensa atuação em atividades de promoção de desenvolvimento tecnológico, coordenador da Incubadora de Empresas e do Parque Tecnológico da UFRJ, além de vice-presidente da Associação Internacional de Parques Tecnológicos. Roberto Nicolsky, doutor em física e professor aposentado da UFRJ, diretor-geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica, a Protec, que congrega representantes de indústrias de todo o país e dos mais diversos setores. Anne Marie Delaunay Maculan, do Programa de Engenharia de Produção do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia – a Coppe da UFRJ –, com mestrado em ciência política, doutorado em sociologia e pós-doutorado em mudança tecnológica.


NA CENA DO CRIME, A HORA DOS PERITOS

O assassinato da menina Isabela Nardoni, que escandalizou o país por envolver o próprio pai e sua nova mulher, evidenciou a grande quantidade de recursos tecnológicos que envolvem os laudos técnicos. Atualmente, única gota de sangue pode trazer mais informações sobre a cena de um crime do que um eventual depoimento de testemunha. Cada vez mais a ciência fornece subsídios para as investigações. Física, química, microscopia eletrônica – são muitas as áreas de estudo, sem falar na já famosa psicologia, pois sempre nos intriga buscar razões ou tentar compreender os motivos dos crimes. Para verificar o quanto a ciência já faz parte da criminalística – ao ponto de ter sido criado um Programa Nacional de Ciência e Tecnologia Aplicada na Segurança Pública – convidamos especialistas no assunto. Talvez seja até mais apropriado dizer, verdadeiros peritos.

 Participantes: Claúdio Cerqueira Lopes, originalmente farmacêutico, tem pós-doutorado em síntese orgânica na Universidade de Berkeley e é professor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É um dos criadores do Luminol, o produto nacional que descobre manchas sangue mesmo em áreas lavadas – invenção que está ajudando a desvendar crimes e economizar as divisas do país. Bruno Duarte Sabino, também com graduação em farmácia, tem doutorado em biologia celular e molecular e além de professor de química forense na Pós-graduação da Universidade Castelo Branco, no Rio de Janeiro, integra a nova equipe científica do Inmetro – o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. É perito do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, do Estado do Rio de Janeiro.  Talvane Marins de Moraes, especializado em psiquiatria forense e medicina legal, já foi diretor da Polícia Técnica no Estado do Rio e Janeiro e é coordenador do Departamento de Ética e Psiquiatria Legal da Associação Brasileira de Psiquiatria. Sérgio Lomba, delegado, diretor da Academia de Polícia do Estado do Rio de Janeiro, que acaba de criar um novo núcleo de excelência para ajudar a esclarecer cientificamente as peças técnicas elaboradas nos serviços médico-legais.


NOVAS TERAPIAS: O FUTURO É HOJE?

A aprovação da lei que autorizou o uso das células-tronco em pesquisas no Brasil, em março de 2005, aumentou a expectativa dos que viam nas terapias celulares a solução para suas doenças, apesar de todos os avisos médicos de que o caminho era longo. Foram três esperados anos até o que o Supremo Tribunal Federal liberasse declarasse constitucional as pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. A partir daí, em menos de seis meses, ainda em 2008, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro anunciou a obtenção da primeira linhagem 100% nacional dessas células. Um avanço capaz de acelerar ainda mais as pesquisas no Brasil. Resta saber quando teremos, no presente, a visão meio futurista de novos tratamentos fantásticos, capazes de debelar doenças de maneira nunca antes alcançada. Os passos que já foram dados e o que falta caminhar são o tema deste programa.

Participantes: Aline Marie Fernandes, originalmente química, doutoranda em morfologia celular na equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro que trabalhou na obtenção da primeira linhagem nacional de célula-tronco, sob a liderança do pesquisador Stevens Rehen. ERCOSU Mendez-Otero, doutora em ciências biológicas, com pós-doutorado no exterior, é professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde coordena estudos de terapia celular em acidente vascular cerebral, realizando tratamentos com células-tronco dos próprios pacientes. Marcelo Marcos Morales, médico e professor do Instituto de Biofísica da UFRJ, doutor em biologia, com atuação em terapias gênicas e celulares nos casos de lesões renais e pulmonares, preside a Sociedade Brasileira de Biofísica e Comportamento. Bernardo Rangel Tura, mestre em saúde pública e doutor em clínica médica, é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ, e médico do Instituto Nacional de Cardiologia, onde integra a equipe de pesquisa de terapia celular em cardiopatias, com ênfase em cardiopatia dilatada (Doença de Chagas).


VACINAS, O MELHOR REMEDIO

Nos primeiros anos de 1900, quando o cientista Oswaldo Cruz tratou de vacinar a população do Rio de Janeiro contra a varíola, uma revolta popular que durou uma semana causou 23 mortes, dezenas de feridos e mais de mil presos. Muitos achavam que Iam ficar doentes por causa da vacina. Hoje a varíola é considerada doença erradicada no Brasil, exatamente por conta da vacina.O mesmo aconteceu com a poliomienite. E não há pais que reajam mais contra a vacinação dos bebês. Uma vacina contra a AIDS ou uma vacina que impeça a dengue é uma realidade próxima para os cientistas brasileiros. Uma solução capaz de economizar vidas, recursos financeiros e muito sofrimento. Afinal, desde que o médico inglês Edward Jenner criou, em 1796, a primeira vacina contra a varíola, se tornou consenso entre a comunidade científica que não há método melhor para se erradicar uma doença.

Participantes: Ricardo Galler, formado em biologia animal pela Universidade de Brasília, com mestrado em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado na Alemanha, pesquisa vacinas contra a malária e contra a dengue. É vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz – Bio-Manguinhos –, unidade capaz de produzir 300 milhões de vacinas por ano. Davis Ferreira, diretor do departamento de Virologia da UFRJ, é graduado em biologia celular e molecular pela Universidade do Estado de São Francisco, nos Estados Unidos, com mestrado em ciências biológicas e doutorado em microbiologia. Também é professor da Universidade do estado norte-americano da Carolina do Norte, onde fez seu pós-doutorado. Marcos Freire, originalmente graduado em veterinária pela Universidade Federal Fluminense, com doutorado em biologia parasitária, coordena a Rede de Vacinas Recombinantes do Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para a Saúde, com sede em Bio-Manguinhos.

 

A ECONOMIA ENQUANTO CIENCIA

Taxa de juros, superávit primário, inflação – todos estes termos, nem sempre muito claros para a maioria da população, mesmo assim fazem parte do imaginário de que a economia é que decide os caminhos do país, se confundindo com a política. Tanto que quando se fala sobre a profissão de economista no Brasil lembra-se logo de profissionais em altos escalões governamentais, tentando solucionar crises ou comandar planos de estabilidade para acertar os rumos do país. Mas a ciência econômica é muito mais que isso. Tem metodologias próprias e aplicações muito mais abrangentes do que a atuação no mercado de capitais ou na administração de recursos em empresas. É útil na análise e na gestão dos mais variados tipos de organizações humanas. Para definir até que ponto a ciência econômica pode ser vista como atividade científica ou considerada mecanismo de uso político, foram convidados especialistas para debater o papel dos economistas e da economia na sociedade atual.

Participantes: Aloísio Araújo, mestre em Matemática pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e PhD em Estatística pela Universidade da Califórnia, é vice-diretor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas. Foi consultor do Banco Central e do Ministério da Fazenda. Ceci Juruá, economista, já foi professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Católica do Brasil, em Brasília. Extremamente atuante nos órgãos representativos dos economistas – chegou a participar da fundação do Instituto de Economistas do Rio de Janeiro – participa atualmente do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Luiz Carlos Prado, graduado em Direito e Economia, com mestrado na UFRJ e PhD em Economia pela Universidade de Londres é ex-presidente do Conselho Federal de Economia, professor do Instituto de Economia da UFRJ e diretor-presidente do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.

 

AGUA NOSSA DE CADA DIA

Todo mundo sabe que a vida na terra começou na água e que as primeiras civilizações se desenvolveram perto de rios. Água, portanto, é essencial para a vida. Mais de 70% de nosso corpo é feito de líquido. Nosso planeta é terra no nome, mas tem uma superfície com três quartos de água. Mas só 1% dela pode ser bebida e já está faltando água para muita gente. Um estudo de 2011, da nossa Agência Nacional de Águas, apontou a necessidade de investimentos de mais de 22 bilhões de reais para evitar que mais da metade dos municípios brasileiros sofram com falta d’água em 2015.

Participantes: Luiz Edmundo Horta Barbosa Costa Leite, engenheiro, subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, é professor do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integra do Conselho Editorial do Tome Ciência. Mestre pela Universidade de Virgínia tem experiência na área de engenharia sanitária, com ênfase em saneamento ambiental. Já desenvolveu estudos para a Organização Mundial de Saúde, para a Organização Pan-americana de Saúde e para a Agência Internacional de Cooperação Técnica do Japão. Paulo Canedo, mestre em Engenharia Civil e doutor pela Universidade de Lancaster, é coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ, presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro e consultor do Banco Mundial. Romilda Maria Alves de Lemos, graduada em ciências biológicas pela UFRJ, mestre em ecologia e doutora em ciências, é professora do ensino superior do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Superior de Tecnologia da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec), onde orienta trabalhos sobre a poluição aquática e monitoramento de bacias hidrográficas. Também se dedica à difusão científica e é responsável pela criação do Museu e Laboratório da Vida Aquática, com apoio da Faperj – a Fundação Carlos Chagas de Apoio e Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Humberto de Albuquerque, engenheiro de minas, é presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas). É também assessor da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), onde trabalha há mais de 30 anos.

 

BUROCRACIA X CIENCIA

Um exemplo de dificuldades burocráticas que quase impediu o Brasil de desenvolver a primeira linhagem de células tronco nacionais: um líquido especial, que vem do Canadá e precisa ser conservado numa temperatura de menos 73 graus, ficou retido em pleno calor da Alfândega do Rio, obrigando os cientistas a fazerem um revezamento durante dias para levar gelo seco para preservar o produto até conseguir liberar a importação. Sem esse líquido, o “emitízer”, era impossível desenvolver as pesquisas. Neste caso os pesquisadores acabaram encontrando uma solução criativa ao criar uma nova substância sensível, o “mêizer”, que custou um quarto do preço da substância importada. Mas nem sempre é assim neste jogo entre burocracia e ciência: pesquisadores narram casos de aparelhos danificados, amostras congeladas derretidas e dificuldades de contratação de pessoal, entre muitos outros. Por isso eles defendem mudanças na burocracia que atravanca o progresso da ciência.

Participantes: João Ramos Mello Neto, mestre e doutor em física, com pós-doutorados no exterior, é professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Secretário da regional Rio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, parceira do programa, representou a presidente Helena Nader, impedida de estar presente por um compromisso de última hora. Carlos Alberto Marques Teixeira, engenheiro com mestrado em economia e gestão empresarial, se especializou em tecnologias de gestão da produção e é coordenador geral da diretoria regional do Rio de Janeiro e diretor substituto do Instituto Nacional de Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Jerson Lima Silva, formado em medicina, com mestrado e doutorado no Instituto de Biofísica, chefia o Laboratório de Termodinâmica de Proteínas e Vírus da UFRJ, onde também dirige o Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear de Macromoléculas. É também diretor científico da Faperj – a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Lucia Carvalho Pinto de Melo, graduada em engenharia química, com mestrados em física e em energia e meio ambiente, acabou especializando-se em planejamento e políticas de ciência. Presidiu, de 2005 a 2011, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), instituição responsável por formular e implantar políticas para o campo científico. É pesquisadora titular da fundação Joaquim Nabuco, em Pernambuco e integra o Grupo de Trabalho da SBPC para mudanças nos marcos legais.

 

DOENÇAS NOS TEMPOS MODERNOS

Quando todo mundo pensava que sarampo era coisa do passado, a doença volta a assustar em vários países. Isso quando não surge repentinamente uma gripe chamada de suína, com um novo tipo de vírus ameaçando um mundo que se contata fisicamente de forma muito rápida, por conta das viagens aéreas e da ampla circulação de pessoas entre vários países. Esse mundo de hoje, agitado e concorrido, faz aumentar os diagnósticos de estresse, provocando depressões e outros distúrbios. As pressões do dia a dia urbano incluem ainda doenças posturais, lesões de repetição e reflexos circulatórios. Este programa discute a capacidade da ciência de amenizar ou mesmo solucionar os problemas de saúde decorrentes da modernidade.

Participantes: Roberto Medronho, médico, com doutorado em Saúde Pública, é professor titular de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde dirige a Faculdade de Medicina. Integra o Conselho Editorial de cientistas do Tome Ciência. Mario Barreira Campos, psiquiatra, é superintendente dos Institutos Municipais de Saúde Mental da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro.

 

ENERGIA NUCLEAR, UM CASO DE VIDA E MORTE

O acidente radiológico de Fukushima, no Japão, assustou o mundo. A idéia de associar energia nuclear à morte e a riscos para a saúde ganhou peso e aumentou a preocupação de ambientalistas. A reviravolta na política nuclear global chegou a fazer com que alguns países se comprometessem a interromper o uso desse tipo energia. Outros adiaram planos de novas usinas nucleares, aumentando o debate sobre os benefícios e riscos do uso de reatores. Mas a cada dia aumenta a quantidade de recursos nucleares para salvar vidas, aprimorar diagnósticos e até melhorar a qualidade dos alimentos. A energia que pode matar, também é capaz de salvar vidas – e ajudar ainda no combate ao aquecimento do mundo.

Participantes: Odilon Marcuzzo do Canto, é engenheiro civil, Ph.D. em energia nuclear e presidente da Seção Latino Americana da Sociedade Americana de Energia Nuclear. Foi presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Rex Nazaré Alves, diretor de tecnologia da Faperj – a Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro –, é doutor em física pela Universidade de Paris, engenheiro nuclear pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Maria Helena Marechal, física, com doutorado em física médica, é coordenadora-geral de Licenciamento e Controle de Instalações Médicas e Industriais na Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Aquilino Senra, físico, com doutorado em energia nuclear, é vice diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, a COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Participa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Reatores Nucleares Inovadores.

 

ESPORTE TEM CIENCIA

Por trás dos momentos de magia e emoção das manifestações esportivas, existe uma intensa atividade científica. A educação física está cada vez mais organizada academicamente – e já começa a ser identificada como Motricidade Humana ou Cinesiologia. A aplicação da bioquímica e da biomecânica são exemplos da contribuição da ciência que se refletem no esporte de alto desempenho. Sem falar nos avanços nas técnicas de treinamento e no desenvolvimento de novos equipamentos. Com a ajuda da ciência o homem desafia constantemente seus próprios limites, batendo recordes e superando desafios. Algumas vezes usando novas substâncias, o que é proibido e acaba motivando cientistas a criarem métodos cada vez mais eficazes para barrar o uso do doping.

Participantes: Francisco Radler, professor titular do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bacharel em Química, pós-doutor em Síntese Orgânica e Geoquímica Molecular, é benemérito da Confederação Brasileira de Futebol pela contribuição ao controle de doping no esporte. Coordena o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da UFRJ, um dos três únicos laboratórios credenciados no hemisfério sul pelo Comitê Olímpico Internacional para análises de controle de dopagem no esporte. Luiz Cláudio Cameron, nutricionista, mestre e doutor em Química Biológica pela UFRJ, é o pesquisador responsável pelo Laboratório de Bioquímica de Proteínas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), onde estuda a relação das células musculares esqueléticas com os exercícios físicos. Também é consultor do Comitê Olímpico Brasileiro e responsável pelo Departamento de Bioquímica, Biologia Celular e Nutrição Esportiva do Laboratório Olímpico. Danielli Braga de Mello, graduada em Educação Física pela UFRJ, é mestre em Ciências da Motricidade Humana e doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, além de professora da Escola de Educação Física do Exército (Esefex), na área de fisiologia do exercício. Luiz Alberto Batista, também originário da Educação Física, tem mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense e doutorado em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto. É coordenador do Laboratório de Biomecânica e Comportamento Motor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde é professor, pesquisador e orientador do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas.

 

O MAR DO PRE-SAL

O petróleo descoberto abaixo da camada de sal do Oceano Atlântico, a sete quilômetros de profundidade, é visto como uma riqueza capaz de transformar a vida dos brasileiros. No país inteiro começou uma discussão sobre o aproveitamento desses recursos. A Convenção do Mar estabelece que um país só pode exercer o direito de exploração da plataforma continental, e de seu subsolo, até um limite de 200 milhas náuticas a partir da base. A descoberta no pré-sal fez com que a ONU desse sinal verde para o Brasil incorporar, para além das 200 milhas, mais 712 mil quilômetros quadrados de extensão. Um aumento de vital importância para o país, mas que também aumenta a responsabilidade dos brasileiros contra acidentes e na preservação ambiental. Mas o que existe nas águas profundas do nosso oceano? Que recursos naturais temos para preservar? O Censo da Vida Marinha mostrou que só conhecemos 1% do que existe em nossos mares.

Participantes: Lúcia Campos, bióloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), PhD em oceanografia biológica, dedica-se aos estudos de oceano profundo. Trabalha com a margem continental brasileira profunda e na região Antártica. Coordena um projeto que pesquisa a biodiversidade marinha e processos evolutivos e oceanográficos. É também assessora de assuntos científicos internacionais do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA). Marise Silva Carneiro, Capitão-de-Mar-e-Guerra, possui graduação em Administração de Empresas e pós-graduação em Gestão Ambiental e Ordenamento Territorial. Na Marinha do Brasil desde 1985, trabalha desde 2007 na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, onde é subsecretária do Plano Setorial para os Recursos do Mar. Cristiano Sombra é mestre em Geologia e trabalha na Petrobras desde 1978, onde atua na área de exploração e produção de petróleo. Coordena o Prosal - Programa Tecnológico para o Desenvolvimento da Produção dos Reservatórios do Pré-Sal. David Zee é engenheiro civil, mestre em Oceanografia e doutor em Geografia Ambiental. Coordena o mestrado profissional em Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida e é professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Tem experiência em oceanografia costeira e impactos ambientais em ecossistemas urbano-costeiros.

 

O TEMPO DA METEOROLOGIA

A meteorologia é muito mais do que dar uma olhada na previsão do tempo quando se planeja uma viagem de fim de semana. No momento em que o aquecimento global é uma ameaça, e as grandes catástrofes climáticas tornam-se cada vez mais frequentes, ressalta-se a importância e a responsabilidade dos meteorologistas. O aumento do conhecimento e as inovações tecnológicas nessa área permitem hoje prever com certa antecedência e precisão os fenômenos do clima. E retirar rapidamente pessoas de áreas de risco pode salvar muitas vidas. O tema deste debate foi sugerido pela Sociedade Brasileira de Meteorologia, instituição vinculada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC.

Participantes: Carlos Afonso Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), dirigiu por mais de 10 anos o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e participa da criação, em 2011, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais. Maria Gertrudes Justi da Silva, coordenadora do curso de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia faz parte do Conselho de Coordenação das Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia no Governo Federal. José Marques é o presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Meteorologia. Foi da primeira turma de meteorologistas formados em universidade brasileira, graduado em 1967 pela UFRJ. Até então os cursos eram realizados só no exterior, onde depois, na França, ele fez o pós-doutorado. Ednaldo Oliveira dos Santos, professor adjunto do Departamento de Ciências Ambientais do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro(UFRRJ), é presidente da União Nacional dos Estudiosos em Meteorologia e representante da América do Sul no comitê internacional que estuda educação sem distância de meteorologia. É também pesquisador associado do Instituto Virtual Internacional  de Mudanças Globais, da COPPE/UFRJ.

 

QUIMICA DO AMOR

Quem está vivendo uma relação amorosa nem pensa nisso, mas existem explicações científicas para aquele turbilhão de emoções e sentimentos que acompanham a vida dos casais. A expressão popular “rolou uma química” a cada dia fica mais comprovada por novas pesquisas, que ajudam a entender as relações e o comportamento amoroso. Uma delas, por exemplo, comprova que a paixão funciona como uma verdadeira droga – o que, muitas vezes, mantém casais juntos numa espécie de dependência. A sexualidade humana tem sido investigada por cientistas que buscam respostas para antigas questões como homossexualidade, infidelidade, escolhas de parceiros, rompimentos amorosos e muitas outras. Seriam os hormônios capazes de explicar que uma mulher tenha vínculo forte com o marido, mas, simultaneamente, sinta desejo pelo colega de trabalho e fique apaixonada pelo vizinho?

Participantes: Cibele Fabichak, médica, é mestre em Fisiologia do Estresse e especialista em Medicina do Esporte pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foi professora e pesquisadora nas áreas de Endocrinologia, Cardiologia e Neurociências da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, da Faculdade de Medicina do ABC e da Universidade Metodista de São Paulo. Participa ativamente de projetos científicos com foco na sexualidade humana. É autora de livros, entre eles “Sexo, Amor, Endorfinas & Bobagens”.  Maria Alves de Toledo Bruns, psicanalista, também é autora de livros, entre eles “Gênero em Questão”. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Campus Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), é especialista em sexualidade e lidera o Grupo de Pesquisa Sexualidade Vida, da USP e do Cnpq. Ricardo de Oliveira Souza, neurologista, é pós-graduado em Neuropsiquiatria e Neurologia do Comportamento Humano. Trabalha no Instituto Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, e é professor de Neurologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). É também coordenador de Neurociências do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

 

TEORIAS DA CORRUPÇÃO

Dinheiro ilegal já apareceu em cueca, na mesa, na mala, na bolsa, em todos os bolsos… Não dá para se falar de um escândalo especifico sem que ele seja imediatamente superado pelo que vai ser divulgado pela imprensa amanhã. A questão é exatamente a sucessão de denúncias de corrupção que acaba trazendo descrédito para a política e até para o próprio povo brasileiro, pois, afinal, dar dinheiro para o guarda da esquina também é corrupção. O problema, é claro, não é só brasileiro e volta e meia explode em outros países. Mas como então explicar algumas teses de que a corrupção é herança de nossa colonização, de que herdamos mazelas e vícios, jeitinho e gosto de levar vantagem? Especialistas foram reunidos para explicar como nossos estudiosos pensam a corrupção – e se existe saída para isso.

Participantes: Marcos Otavio Bezerra, doutor em Antropologia Social e professor dos Programas de Pós-graduação em Antropologia e Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) é autor dos livros ‘’Corrupção, um Estudo sobre Poder Público e Relações Ressoais no Brasil’’ e ‘’ Em Nome das Bases’’. Marisa Pignataro tem mestrado em Letras e fez extensão na Universidade Federal de Minas de Minas Gerais sobre concepções de democracia e sua influência na constituição do Estado. Na Controladoria Geral da União (CGU) desde 1997, chefia a diretoria regional do Estado do Rio de Janeiro, comandando equipes da área de Controle Interno; Corregedoria e Prevenção, e Combate à Corrupção. Fernando Lattman-Weltman, com mestrado em Sociologia e doutorado em Ciência Política, participa do Centro de Pesquisa e Documentação de Historia Contemporânea do Brasil – o Cpdoc da Fundação Getulio Vargas – desde 1991. Lá, entre outras atividades, dedicou-se ao estudo das relações entre a imprensa e a política, chegando a escrever vários livros sobre o assunto, entre eles ‘’A Imprensa Faz e Desfaz um Presidente’’, logo após o impeachment do presidente Collor. Jeremias Ferraz Lima, doutor em Psicanálise, é professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além de estudos sobre pulsão e libido, é autor de um livro chamado ‘’ Psicanálise do Dinheiro’’.

 

CHINA,PARCEIRA DO FUTURO

O preconceito quanto aos baratos produtos chineses que inundaram o mercado brasileiro ainda persiste: “é ching-ling”, costumam dizem muitos, criticando a qualidade. Como então imaginar que a China tenha se transformado num dos principais parceiros tecnológicos do Brasil, com o lançamento de um satélite de observação da terra em 2012 e outro previsto para 2013, além de acordos para a montagem de laboratórios de nanotecnologia e biotecnologia? Sem falar de cinco mil vagas para brasileiros irem aprimorar a formação científica na China. O país já é o
maior parceiro comercial do Brasil. Só em 2011 nosso saldo comercial foi de 11 bilhões de dólares. Os dois governos assinaram uma “parceria
estratégica global”, privilégio que ultrapassa os assuntos bilaterais e incorpora as mais relevantes questões globais de política e economia.

Participantes: José Raimundo Braga Coelho é físico com mestrado em matemática, já foi professor na UNB – a Universidade Nacional de Brasília, da PUC do Rio de Janeiro e da Universidade de Nova York. No Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, foi gerente geral do programa China Brasil de Satélites e vice-diretor da Coordenação Geral de Engenharia e Tecnologia. Atualmente, é o presidente da Agencia Espacial Brasileira – a AEB. Severino Bezerra Cabral Filho é historiador, com doutorado em sociologia, e diretor presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico, além de membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra. Fernando Lázaro Freire Junior é doutor em física, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e editor da revista da Sociedade Européia de Física. É o diretor
do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – o CBPF. André Soares é mestre em engenharia de produção, com ênfase em gestão e inovação, pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFRJ e atua como coordenador dos projetos de pesquisa e análise do Conselho Empresarial Brasil China. Especialista nas relações econômico-comerciais entre Brasil e a China, nos últimos cinco anos vem estudando o processo de internacionalização das empresas chinesas e sua atuação no Brasil

 

CIENCIA & CULTURA

Para o Ministério da Cultura, ciência não é cultura. Apenas a difusão de manifestações artísticas pode receber isenções fiscais. Mas porque será então que, um ano após a criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que foi em 1948, os cientistas deram o nome de “Ciência e Cultura” para o órgão oficial da nova entidade? E o filósofo da natureza Galileu – aquele que dizia que a terra se movia em torno do sol – que foi perseguido pelo poder dominante da época, já que não tinha como provar a teoria? E Leonardo da Vince? Era cientista ou artista? Como a impressão geral é a de que a ciência tem por base a razão – a busca por provas – enquanto a arte lida com emoções, cabe analisar a relação entre ciência e cultura, nesses tempos em que a tecnologia – que é a aplicação prática da ciência – muda hábitos, costumes, maneiras de ser e de pensar.

Participantes: Tania Cremonini de Araújo Jorge é médica, com doutorado em biofísica e pós-doutorado no exterior. Além de professora e diretora do Instituto Oswaldo Cruz – da Fiocruz – é pesquisadora dedicada à imunobiologia da cardiopatia chagásica e desenvolve materiais educativos e tecnologias sociais, articulando ciência, arte e saúde. Organizou um livro sobre ciência e arte. Roberto Kant Lima é professor titular da Universidade Federal Fluminense – a UFF – e da Universidade Gama Filho. Começou em direito e depois fez mestrado, doutorado e pós doutorado em antropologia social. É coordenador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos, voltado para a pesquisa, formação de quadros qualificados e difusão de tecnologias sociais. Henrique Antoun é graduado em desenho industrial, mestre em filosofia e doutor em comunicação. Possui ainda pós-doutorado em cultura e tecnologia pela Universidade de Toronto. Professor e diretor do Departamento de Fundamentos da Comunicação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFR. Trabalha também no Programa de Pós-Graduação de Comunicação e coordena o grupo de pesquisa Cibercult da ECO. Maria Borba tanto poderia ser apresentada como artista, – autora, cenógrafa e diretora teatral – ou como cientista que é, colaboradora do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – o CBPF. Começou fazendo ciências sociais e abandonou o curso para se formar em física, com mestrado em cosmologia e gravitação. A partir de uma residência de dois meses no Teatro Poeira, concebeu o espetáculo: “Astronautas: Arte e Ciência – Pesquisa e Execução”, que entrou em cartaz em 2011.

 

DIABETES: CAUSAS E CONSEQUENCIAS

A diabetes está crescendo no Brasil, numa tendência de alta preocupante, segundo o Ministério da Saúde. Uma pesquisa feita em todo o país revelou, em 2012, que 5,6% dos brasileiros já sofrem com a doença. É comum afirmar que o crescimento se deve ao aumento da obesidade e falta de exercícios físicos – a chamada diabetes 2. Mas em todo o mundo cresce também o número de pessoas que tem diabete do tipo 1 – um distúrbio autoimune que impede que o corpo produza insulina para transformar a glicose do sangue em energia. Quais as consequências, razões e riscos que a doença pode oferecer para a saúde? Afinal o que a ciência já sabe sobre diabetes?

Participantes: Lenita Zajdenverg é médica, mestre em endocrinologia e doutora em nutrologia, e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFRJ, onde coordena o programa de residência médica em endocrinologia e metabologia. A atualmente é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. Flávia Lucia Conceição é médica, com mestrado e doutorado em endocrinologia, e professora adjunta de endocrinologia na UFRJ. Pertence à diretoria da regional Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Marília de Brito Gomes também médica, com mestrado e doutorado em endocrinologia, é professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – a UERJ – onde coordena a disciplina diabetes e metabologia. Cientista do Estado do Rio de Janeiro pela Faperj – a Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro. Roberta Arnoldi Cobas médica como as outras convidadas, com doutorado em fisiopatologia clínica e experimental, é professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, onde dá aulas de diabetes.

 

É O FIM DO MUNDO?

Se você não fizer a sua parte, agindo de forma ecologicamente correta, o mundo estará ameaçado! É mais ou menos essa a síntese das mensagens que recebemos todos os dias. Principalmente depois dos resultados pouco otimistas da Conferência Rio+ 20, onde faltou um compromisso mais forte dos governos que assinaram a declaração final. A cada tempestade ou desastre ambiental, aumenta a preocupação. Mas alguns cientistas começam a questionar as influências meramente humanas nos distúrbios climáticos: podem ser ciclos inevitáveis do planeta, já ocorridos inclusive em outras épocas. De toda forma, como ficaria o futuro do ser humano que vive no planeta terra? Seria mesmo necessário fazer alguma coisa para não enfrentarmos um clima perigoso para a vida humana na terra? – e com qual urgência?

Participantes: Valdo da Silva Marques. Doutor em meteorologia com pós-doutorado no exterior foi chefe do departamento de meteorologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF –, onde está implantando o programa de mestrado. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia e atualmente é diretor regional da entidade para o Rio de Janeiro. Foi a própria Sociedade Brasileira de Meteorologia – SBMET – quem sugeriu este debate para o Conselho Editorial de cientistas do Tome Ciência. Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros. Biofísico, pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF –, tem doutorado em física atômica. Dedica-se ao estudo da resposta magnética de microorganismos e sempre se preocupou com a difusão científica. Colaborador do Tome Ciência desde o início, em 1987, é dos mais antigos integrantes do nosso Conselho Editorial. Já dirigiu o Museu de Astronomia e Ciências Afins, foi curador de exposições científicas e produziu vários filmes e livros. É um dos maiores estudiosos em Santos Dumont no Brasil e acaba de lançar pela editora da Fiocruz o livro “Biodiversidade e Renovação da Vida”. José Antônio Marengo Orsini. Físico, com doutorado em meteorologia, fez pós-doutorado na NASA e especializou-se em modelagem climática. Foi coordenador científico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – o INPE, onde é professor na pós-graduação e chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre. Membro de vários painéis internacionais das Nações Unidas integra o comitê científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Em agosto de 2012 coordenou um encontro internacional no Brasil para discutir as conclusões do relatório especial sobre gestão dos riscos de extremos climáticos e desastres, que foi elaborado pelo Painel intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – o IPCC. Roberto Schaeffer é um dos integrantes brasileiros do IPCC das Nações Unidas desde 1998. É o vice-coordenador do Programa de Planejamento Energético da coordenação dos programas de pós-graduação em engenharia – A Coppe da UFRJ. Tem pós-doutorado em economia de tecnologia no exterior e foi do Conselho Consultivo do Projeto de Aceleração de Tecnologias Inovadoras de Energia na Agência Internacional de Energia. Em 2012 recebeu o prêmio Greenbest em reconhecimento às suas iniciativas pelo desenvolvimento do mercado sustentável no Brasil.

 

O USO DE ANIMAIS PARA SALVAR VIDAS HUMANAS

Há quem trate seus animais de estimação com tal carinho e dedicação, que mais parece um integrante da família. Houve época em que cada município criava regras para o uso de animais nas pesquisas científicas. Alguns vereadores chegaram a ser eleitos com plataforma de defesa dos animais e impedimento da existência de cobaias. Em 2008, a chamada Lei Arouca criou normas nacionais para utilização de animais em propósitos científicos e didáticos. Cada instituição agora é obrigada a instalar comissões de ética no uso de animais (as CEUAS), que tem como atribuição zelar pelo bem estar animal e também registrar todos os protocolos de pesquisa ou ensino utilizando animais. Mesmo assim alguns setores ainda criticam a existência de cobaias. Argumentam com o sofrimento dos animais em alguns casos. Especialmente quando o pesquisador precisa saber se determinado experimento causará a morte da cobaia. Em tempo de células tronco e experiências de desenvolvimento celular fora do corpo, a questão ética da utilização animal volta a ganhar força. O avanço científico pode prescindir do uso de animais.

Participantes: Marcelo Marcos Morales foi formado em medicina, com doutorado em biofísica, e trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. É presidente da Federação Latino Americana de Sociedades de Biofísica e coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – o CONCEA – criado pela Lei Arouca. Ele mesmo sugeriu este debate para o Conselho Editorial de cientistas do Tome Ciência. Rita Leal Paixão fez mestrados em medicina veterinária e ciência ambiental, além de doutorado em saúde pública. É professora e diretora do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense – UFF. Integra a comissão de ética, bioética e bem-estar animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Portanto, dedicada a bioética, com ênfase em ética animal, ética ambiental, ética em pesquisa e bem-estar animal. NormaVollmer Labarthe é médica e doutora em biologia parasitária e atua como assessora da presidência da Fundação Oswaldo Cruz – a Fiocruz. É presidente da Associação Proidéia – Ética, Educação, Saúde e Natureza. Participa do comitê de coordenação do Projeto Nacional de Ações Integradas Público-privadas para Biodiversidade – o Probio II – e é conselheira titular do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – CONCEA. Octávio Augusto França Presgrave. Mestre em biologia celular e molecular, doutor em vigilância sanitária, é tecnologista sênior da Fiocruz, onde coordena o grupo técnico de cosméticos. Colaborador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, participa da Câmara Técnica de Cosméticos da Anvisa. Membro da comissão de ética no uso de animais da Fiocruz desde 1999, pesquisa métodos alternativos ao uso de cobaias.

 

COMO AVALIAR NOSSA CIENCIA E CIENTISTA

Vivemos num mundo cheio de tecnologia: celulares, internet, computadores no processo industrial – enfim, uma sociedade onde o conhecimento passou a ser fundamental. A aplicação prática de uma parte do conhecimento vira a tecnologia que inova quase todos os produtos utilizados hoje em dia. Essas novidades, dentro da disputa comercial do mundo capitalista, são transformadas em patentes que garantem lucro. Mas, até por conta de tanta rapidez na intercomunicação global, o conhecimento publicado por um cientista rapidamente alcança todos os outros da mesma área fazendo avançar novas pesquisas. É por essas e outras razões que se convencionou medir o valor da produção científica de um país pela quantidade de publicações de trabalhos e pelas patentes registradas. Mas até que ponto esses índices são capazes de definir a importância do papel da ciência e dos cientistas no Brasil?

Participantes: Marco Moriconi, físico, com doutorado na Universidade Princeton, é professor da Universidade Federal Fluminense – a UFF. Em 2013, foi eleito Secretário Regional do Estado do Rio de Janeiro na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, parceira do Tome Ciência. Jerson Lima da Silva, doutor em biofísica e professor do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de janeiro, a UFRJ. É diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, a Faperj, que também apóia o programa. Dirige ainda o Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas e é membro da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento. Já recebeu diversos prêmios, como a Ordem Nacional do Mérito Científico. Rogério Meneghini, químico com doutorado em bioquímica, é professor aposentado da Universidade de São Paulo, a USP. Foi criador e diretor do Centro de Biologia Molecular Estrutural do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas. Atualmente é o coordenador científico da Rede Sielo, um sistema público que permite acessar a produção científica do Brasil através da internet. Também foi laureado com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Alexander Kellner, paleontólogo, com doutorado na Universidade Columbia, nos Estados unidos, trabalha no Museu Nacional da UFRJ. É membro titular e editor-chefe do Anais da Academia Brasileira de Ciências, a ABC. Também foi admitido na classe de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico.

 

COMO CONVIVER COM O CANCER

“Aquela doença”, o misterioso câncer, era uma doença a qual, algum tempo atrás, ninguém ousava dizer o nome. Doença que não é só uma por sinal, pois existem cerca de 200 tipos de câncer. No momento em que o homem já desvendou o DNA, o genoma humano, e aspectos os mais detalhados dos funcionamentos celulares, porque ainda não se alcançou a cura do câncer? É bem verdade que, em alguns tipos, o percentual de cura já chegou a 80 por cento. Os especialistas convidados – por acasotodas mulheres – falam sobre o conhecimento acumulado da ciência sobre a doença e também esclarecem se estamos no caminho da cura. No mínimo para acabar com o preconceito com “aquela doença”, o programa busca desvendar os mistérios do câncer.

Participantes: Maria da Glória das Costa Carvalho integra a Associação Americana de Pesquisa em Câncer e a Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é pesquisadora do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Clarissa Baldotto é médica oncologista clínica e pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer, o INCA, mestre e doutora em oncologia pela mesma instituição. Nathalie Henriques Canedo é professora de patologia, da Faculdade de Medicina da UFRJ, onde também coordena o Laboratório de Neuropatologia e o Laboratório de Patologia Molecular. Médica patologista, com doutorado em biologia molecular, faz pesquisas na área de neuropatologia e patologia molecular. Participa ainda da Sociedade Brasileira de Patologia. Juliane Musacchio é mestre e doutora em medicina, gerente de hematologia e pesquisadora do grupo COI, o Instituto Clinicas Oncológicas Integradas, que é uma empresa onde se faz pesquisas sobre a evolução dos clientes nos tratamentos. Integra a Sociedade Americana de Hematologia.

 

DE PERTO NINGUEM É NORMAL?

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM – considerado a “bíblia da psiquiatria” mundial –, teve sua quinta edição lançada em maio de 2013, dividindo psiquiatras por aumentar a quantidade de doenças mentais: são agora 300 patologias descritas em 947 páginas. Chega a ser difícil não se encaixar em nenhuma delas. As farmácias que o digam. Não é à toa, que o tranquilizante Rivotril virou o segundo medicamento com receita médica mais vendido no Brasil. Somos também o segundo maior país consumidor de metilfenidato no mundo – a famosa Ritalina, usada no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Mas o que é de fato um transtorno mental e como ele é tratado no Brasil, onde uma clara política antimanicomial tem reduzido o número de hospitais psiquiátricos nas últimas décadas? Afinal, como dizia Caetano Veloso, de perto ninguém é normal? Quais as fronteiras entre doença e normalidade?

Participantes: Octavio Domont de Serpa Júnior é médico psiquiatra, com doutorado em psiquiatria, psicanálise e saúde menta e também professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, onde realiza pesquisas sobre psicopatologia, subjetividade e experiências e narrativas do adoecimento. Adriano Amaral de Aguiar, médico com mestrado em psicologia, cursa doutorado em saúde coletiva e coordena da Residência Médica em Psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. É autor do livro “A psiquiatria no divã: entre as ciências da vida e a medicalização da existência”. Stephan Malta Oliveira, médico psiquiatra, com mestrado em psicologia clínica, faz doutorado em Saúde Coletiva, onde estuda abordagens biológicas e humanistas na psiquiatria contemporânea. Vitor Pordeus é médico pesquisador, imunologista, ator e escritor. Coordena o Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e é co-fundador da Universidade Popular de Arte e Ciência, cuja sede fica no Hotel e Spa da Loucura, no Instituto Municipal Nise da Silveira.

 

DESENVOLVIMENTO OU CRESCIMENTO: NOVO SISTEMA A VISTA?

Taxa de juros, valor do salário mínimo, valor do câmbio. Essas notícias de economia sempre aparecem com percentuais de aumento ou de baixa nos veículos de comunicação. O crescimento do PIB, o produto interno bruto – índice que dá a dimensão da quantidade do que se produz no país –, é normalmente citado para se demonstrar o avanço do país. Dizem que deixamos de ser subdesenvolvidos e agora somos país em desenvolvimento – a sexta ou sétima economia do mundo. Mas no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas chegamos em octogésimo quarto lugar. Será então que crescimento econômico e desenvolvimento são a mesma coisa? Esta é a dúvida sugerida para debate pela Associação Brasileira de Antropologia – a ABA, pois em nosso programa são as organizações filiadas à SBPC – a Sociedade para o Progresso da Ciência – que sugerem os assuntos.

Participantes: Antonio Carlos de Souza Lima, antropólogo, diretor regional da ABA, foi o autor da ideia deste programa. Ele é professor do Museu Nacional, da UFRJ – a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Werner Baer, economista norte-americano, professor da Universidade de Illinois desde 1974, é consultor do Banco Mundial e do Ministério do Planejamento brasileiro. É autor do livro “A Economia Brasileira: Crescimento e Desenvolvimento”. Roberto Saturnino Braga é mais conhecido como político do Rio de Janeiro, pois foi vereador, prefeito, deputado federal e senador por três mandatos. Engenheiro com formação em desenvolvimento econômico, ele preside o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. CarlosVainer é economista e sociólogo com doutorado em desenvolvimento econômico e social. Professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ coordena o Laboratório de Pesquisa Estado, Trabalho, Território e Natureza.

 

FALANDO PORQUE O HOMEM FALA

É mais que normal um brasileiro falar, emitindo sons que viram palavras, e outro conseguir entender. Mas se for um americano, ele só vai entender se aprender o português. E são quase 6 mil línguas no mundo e, pelo menos, umas 10 teorias diferentes em busca de uma explicação para a origem da fala humana. Uma questão que já intrigou tanto os cientistas, que um congresso mundial, em 1880, chegou a decretar o fim da busca. O que já se tem certeza é que uma cultura, expressada por uma língua, é capaz de suprimir outras. O latim, por exemplo, que chegou a dominar o mundo, hoje é considerada uma língua morta, embora geradora de um alfabeto ainda amplamente utilizado. As modificações que o uso e a cultura conferem à fala do homem continuam gerando polêmica, como no caso de livros, que contrapõem a língua falada popularmente com a chamada norma culta. E a influência da escrita simplificada da internet, pode afetar o futuro da língua escrita?

Participantes: Ruth Maria Fonini Monserrat, doutora em linguística, é professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É assessora linguística de vários projetos de educação escolar indígena e pesquisa sobre linguística indígena, além de estudar o Tupi colonial. Carlos Alberto Faraco é doutor em linguística românica e professor titular aposentado da Universidade Federal do Paraná, onde chegou a ser reitor. Publicou vários livros – entre eles, “Linguagem Escrita e Alfabetização”. O americano Andrew Nevins é doutor em linguística e professor titular da University College London, na Inglaterra. No momento, é professor visitante na UFRJ. Cilene Aparecida Nunes Rodrigues, doutora em linguística, é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a PUC onde realiza pesquisa sobre sintasse. Estuda também línguas românicas e a integração entre teoria linguística e psicolinguística.

 

GRAFENO: O MATERIAL DO FUTURO?

De carbono todos já ouviram falar. Pelo menos do gás carbônico – o CO2 – considerado vilão do efeito estufa, do aquecimento global. Mas o átomo de carbono é o elemento químico que compõe as moléculas que dão origem à vida. E está presente nas mais variadas formas encontradas na natureza. Macio no grafite do lápis, duríssimo no diamante. Recentemente, em 2004, os cientistas passaram a lidar com outra forma de apresentação do carbono: o grafeno – uma espécie de folha finíssima, com a espessura de um átomo, que é considerado o material do futuro por muitos especialistas. Até pela possibilidade de poder transmitir energia, e informações, com velocidade quase 100 vezes maior do que o silício, que é o material dos semicondutores da informática. Especialistas convidados explicam o que é o grafeno – e se ele tem mesmo o poder de mudar muita coisa no mundo em que vivemos.

Participantes: Fernando Lázaro Freire Júnior, é professor titular do Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Já foi presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMAT) e, no momento, preside o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – o CBPF. É do Conselho Editorial do Tome Ciência e comanda um grupo de pesquisas sobre grafeno. Eunézio Antônio de Souza, mais conhecido como professor Thoroh, doutor em física, é atualmente professor adjunto da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, onde coordena o Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno e Nanomateriais – o Mackgrafe. Tatiana Gabriela Rappoport, com doutorado em física, atualmente é professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFRJ. Enfatiza em seus estudos os materiais magnéticos e propriedades magnéticas, atuando principalmente com nanoeletrônica, semicondutores magnéticos diluídos, cadeias quânticas de spin e transições de fase quânticas. Pedro Paulo de Mello Venezuela, também com doutorado em física, é professor da Universidade Federal Fluminense – a UFF. Tem experiência na área de física da matéria condensada, o que inclui modelamento teórico-computacional das propriedades estruturais; eletrônicas, magnéticas, vibracionais e óticas de sistemas nanoestruturados.

 

OS JOVENS CAMPEÕES DA CIÊNCIA

Medalha de ouro de brasileiro nas olimpíadas, seja qual for o esporte, produz uma enorme repercussão, com direito a foto na primeira página do jornal. A notícia que quase não sai nos jornais – ou sai escondidinha – é a quantidade de medalhas brasileiras em olimpíadas científicas para jovens. E não são poucas as medalhas e títulos. O Brasil já participa em 10 disciplinas, sem falar que temos 12 nacionais – consideradas sempre como um estímulo para despertar talentos científicos. Se sabidamente temos deficiências educacionais, quem seriam então esses gênios? Como são vistos pelos colegas – especialmente nos casos de física e matemática? E será que se transformam depois em cientistas. O programa reuniu um grupo representativo desses medalhistas de vários níveis educacionais. Em cena, 56 medalhas de ouro, prata e bronze.

Participantes: Nicolau Corção Saldanha ganhou a primeira medalha de ouro brasileira na Olimpíada Internacional Matemática de 1981, um anos depois de, 16 de idade, conseguir a medalha de ouro do Brasil. Fez doutorado nos Estados Unidos e atualmente é professor do Departamento de Matemática da PUC-Rio e ajudou a coordenar várias das olimpíadas nacionais.  Ivan Tadeu Antunes Filho ganhou a primeira medalha 10 anos de idade. Depois ganhou outras 35 em olimpíadas nacionais e mais 10 em competições internacionais, entre elas, a Olimpíada Internacional de Física de 2012. Foi admitido na graduação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT.  Daniel Santana Rocha, ganhou a primeira medalha de prata, aos 11 anos, na Olimpíada Brasileira de Matemática. Depois ganhou a de bronze e a de ouro, ainda no nível fundamental. Atualmente cursa ensino médio no Colégio Estadual Engenheiro Bernardo Sayão e, com uma autorização especial, já faz pós-graduação de matemática no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada – o IMPA.  Bruna Malvar Castello Branco conquistou sua primeira medalha aos 12, quando foi ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática. Já conquistou 3 medalhas de ouro, 3 de prata e uma menção honrosa em olimpíadas científicas. Está terminando o curso fundamental no Colégio Militar do Rio de Janeiro, um colégio público como o do Daniel.

 

MEDICINA REGENERATIVA

Terapia celular, terapia gênica, fabricação de novos órgãos – a cada dia uma nova esperança de cura aparece nos veículos de informação. De comum, a base tecnológica que faz a saúde ficar a cada dia mais interdisciplinar. Engenheiros ajudam médicos a fazer marcapassos cardíacos ou próteses ortopédicas e já evoluem as técnicas de controle cerebral sobre máquinas especialmente desenvolvidas para recuperar capacidades perdidas pelas pessoas. Mas o que chamou mais a atenção no Brasil foi a liberdade ou não das pesquisas com células-tronco de embriões, amplamente discutidas até a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal. Depois do México, fomos o segundo país latino-americano a ter as pesquisas liberadas. Mas a cada notícia nova – da feitura de uma orelha, de um olho ou mesmo de um neurônio – fica a dúvida sobre a capacidade brasileira de conseguir também bons resultados. Neste programa vai ser possível saber se estamos bem preparados.

Participantes: Marcelo Marcos Morales, recentemente eleito como um dos secretários nacionais da SBPC – a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, parceira do programa –, é biofísico com pesquisas centradas em terapias celulares com células-tronco em doenças renais e pulmonares. É presidente da Federação Latino-americana de Sociedades de Biofísica e coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.  Rosália Mendez-Otero, tal como o Marcelo, é professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFRJ. Tem experiência na área de neurociências, atuando principalmente com neurogênese (que é o desenvolvimento dos neurônios), células-tronco, terapias celulares e doenças neurodegenerativas.  Aline Marie Fernandes é doutora pelo Programa de Ciências Morfológicas da UFRJ e atualmente realiza pós-doutorado no Laboratório de Biomembranas, onde trabalha com a avaliação do potencial terapêutico de células-tronco em lesão renal.  Adriana Bastos Carvalho, também professora do Instituto de Biofísica da UFRJ, voltou recentemente do pós-doutorado no hospital da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e na Universidade de Toronto, no Canadá – o que pode nos ajudar a comparar o estágio de pesquisa feita no Brasil com o que se produz no exterior.

 

P, M OU G: AS MEDIDAS NO BRASIL E NO MUNDO

Certamente você já viu num filme americano de ação o painel do carro mostrando uma velocidade em milhas por hora. E como saber qual a verdadeira velocidade, já que toda a nossa imaginação se guia pelos quilômetros por hora que adotamos no Brasil? E a tela da TV de 42 polegadas, quantos centímetros tem? Mais complicado ainda é perceber que os tamanhos de roupas e sapatos não variam apenas de país para país. Pode haver diferenças de um fabricante para outro, mesmo dentro do Brasil. Por essas e outras existem cientistas preocupados com normas e padrões unificadores, com regras que possam assegurar a qualidade dos produtos que usamos. Para saber por que as medidas variam de nomes e tamanhos foram convidados pesquisadores que entendem disso tudo, da razão das diferenças no mundo – e no Brasil também. Será possível unificar as medidas?

Participantes: Paulo Coscarelli, engenheiro têxtil, com mestrado em sistemas de gestão, é diretor substituto de Avaliação da Conformidade do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – o Inmetro.  Eugenio Guilherme Tolstoy de Simone, engenheiro metalúrgico com mestrado em Ciências em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, é atualmente diretor técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT.  Flávio Glória Caminada Sabrá, mestre em Administração, fazendo doutorado em Design, coordena um estudo antropométrico das medidas do corpo dos brasileiros. É gerente de Inovação, Estudos e Pesquisas do Senai-Cetiqt – sigla que denomina o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.  Sílvio Francisco dos Santos, engenheiro mecânico e mestre em Sistemas de Gestão, cursa o doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos. É coordenador da qualidade da diretoria de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro e representante brasileiro no Sistema Interamericano de Metrologia.

 

STARTUPS, INCUBADORAS,ACELERADORAS: OS NOVOS CAMINHOS DA INOVAÇÃO

O fato de terem nascido como startups é um ponto em comum entre as concorrentes Google e Yahoo. Elas, e muitas outras empresas do novo mundo digital, tiveram um suporte, uma inicialização – que seria a tradução literal de startup. No Estado do Rio a Secretaria de Ciência e Tecnologia resolveu apoiar 50 ideias inovadoras, dando 100 mil reais por ano para cada uma, todas instaladas em um mesmo lugar, com facilidades comuns. Quase todas as ideias inovadoras precisam de uma startup, de incubadoras ou aceleradoras para se tornarem lucrativas. A diferença entre estes termos e as vantagens dessas ajudas, são debatidas pelos convidados. Afinal a efetivação do processo de inovação – que é a transformação do conhecimento científico em produtos – sempre foi apontada como a solução para o desenvolvimento do país.

Participantes: Augusto da Cunha Raupp tem mestrado em administração no exterior, e cursa doutorado em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Atualmente é subsecretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e já coordenou diversos projetos em tecnologia no estado.  O inicialmente eletrotécnico Francisco José Batista de Sousa possui mestrado e doutorado em engenharia de produção. Atualmente é professor da Universidade Federal Fluminense – a UFF – onde coordena a incubadora de empresas da universidade.  Marcelo Sales é graduado em engenharia da computação e fundador de empresas que fornecem conteúdo de entretenimento móvel, pagamentos de bens virtuais, serviços de marketing e distribuição de aplicações. Em 2011 fundou a aceleradora de negócios 21212. Está envolvido em iniciativas relacionadas ao desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil e nos Estados Unidos.  Claudia Wilson, inicialmente graduada em processamento de dados, pós-graduada em gestão de negócios e especializada em inteligência competitiva, é a diretora executiva da regional rio da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – a Assespro.

 

DE OLHO NO OLHO

Os olhos são responsáveis por 70% das informações recebidas pelo homem. Além de levar as informações até nós, o olho pode também fornecer informações sobre nós. Através de alguns exames é possível diagnosticar doenças como a hipertensão, tuberculose e doenças reumáticas, entre outras.// O avanço nas pesquisas sobre os olhos já pode garantir a correção de defeitos de visão, determinar o fim do uso de óculos e até permitir a visão de pessoas cegas desde a infância. Córnea, pupila, iris, cristalino, retina  – são palavras que a gente já conhece. Mas como ocorre a visão? Como se dá a transformação de ondas luminosas em pulsos eletroquímicos transferidos para nosso cérebro?

Participantes: Luiz Cláudio Santos de Souza Lima é médico oftalmologista, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal Fluminense, a UFF, onde ele também é professor e doutorando em Ciências Médicas. Coordena o setor de estrabismo do serviço de oftalmologia do Hospital Universitário Antônio Pedro e é membro do Centro Brasileiro de Estrabismo, do Conselho Brasileiro Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.  O olftalmologista David Gryner tem 52 anos de clínica e a vasta experiência de quem trabalhou em grandes hospitais da cidade do Rio de Janeiro, como o Miguel Couto, o Hospital Central do Exército e o Souza Aguiar. Premiado por estudos de refração possui uma patente de um produto para limpeza de lentes de contato gelatinosas, no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão.  A médica Karla Rezende Guerra Drummond tem especialização em retina e vítreo e faz mestrado em Ciências Médicas. É chefe do setor de diabetes no serviço de oftalmologia e integra a equipe do setor de retina do Hospital dos Servidores do Estado, no Rio.

 

DOENÇAS DEGENERATIVAS

Perda de memória, dificuldade para executar tarefas, para falar, câimbras, perda de equilíbrio, tremores. A antigamente se dizia que era coisa de velho; virou velho gagá… e outros desprezos de mau gosto. Com o aumento da sobrevida da população cresceu a consciência de que esses sintomas podem ser de doenças degenerativas, responsáveis pela morte de milhões de pessoas por ano. Alzheimer, Parkinson e a Esclerose Lateral Amiotrófica – a ELA – são as doenças neurodegenerativas mais frequentes na terceira idade.  No Brasil, estima-se que um milhão e duzentos mil idosos possuam algum tipo de comprometimento cognitivo. O tratamento é difícil, tanto para o paciente quanto para a família e as pessoas ao redor. Os especialistas convidados ajudam a saber mais sobre essas doenças.

Participantes: O médico José Mauro Braz de Lima possui mestrado e doutorado em Neurologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pós- doutorado em Neurociência pela Universidade de Paris. Atualmente é coordenador do programa acadêmico sobre doenças do neurônio motor- esclerose lateral amiotrófica do Instituto de Neurologia Deolindo Couto, da UFRJ.  Maria Cristina Reis Amendoeira é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise. Possui mestrado e doutorado em Psiquiatria e Saúde Mental pela UFRJ. É médica do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e estudiosa em doença de Alzheimer.  Fisioterapeuta especialista em doença de Parkison,  Lucia Maria Gil da Silva é mestre em Psicologia Social e da Saúde e professora do curso de Fiosioterapia da Universidade Castelo Branco. É diretora da Associação Parkinson Carioca.  Clemente Augusto Alves é diretor-tesoureiro da Regional Rio da Associação Brasileira de Alzheimer.  Desde 2005 ele enfrenta a doença de Alzheimer que foi diagnosticada na esposa. Vai poder nos falar sobre os aspectos sociais da doença de Alzheimer.

 

UM MUNDO DE COMPUTADOR: O QUE FAZEM COM NOSSOS DADOS

Quem usa Facebook já deve ter notado: basta procurar um produto na internet que logo surge um anúncio do produto ou da loja em nossa página. A impressão é que estamos sendo vigiados o tempo todo. O que não deixa de ser verdade. Nossos dados no mundo de hoje, onde tudo se faz por computador ou celular, já viraram base para estratégias de negócios. Quando houve a denúncia da espionagem do governo americano sobre o Brasil, aumentou a consciência das pessoas sobre o uso de nossos dados por outros. Para conhecer mais o que se faz com as informações nesse mundo controlado por computadores, foram convidados especialistas que lidam com isso.

Participantes: Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti é graduado em matemática, com mestrado e doutorado em informática pela Universidade de Paris. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a UFRJ – coordena o Centro de Referência em Inteligência Empresarial – o CRIE – e edita a revista Inteligência Empresarial. Foi diretor de tecnologia da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, a Faperj, parceira do programa. Luciana Sodré Costa é graduada em Administração de Empresas e Pedagogia e cursa mestrado em Engenharia de Produção na UFRJ. É pesquisadora do Centro de Referência em Inteligência Empresarial e também coordenadora do Instituto Big Data Brasil.  Christian Aranha é graduado em Engenharia e Psicologia, fez mestrado em Estatística e doutorado em Inteligência Artificial. Tem ainda pós-doutorado em Ciência Cognitiva e também é o fundador e diretor de pesquisa da empresa Cortex Intelligence, especializada em Big Data.  Fernando Nery também tem dois tipos de graduação: em Informática e em Pedagogia. É sócio fundador da empresa Módulo, que atua nos segmentos de segurança da informação e gestão da vulnerabilidade em tecnologia da informação. Foi membro do Comitê Gestor da Internet do Brasil e atuou em projetos de implementação de governança, segurança e compliance, palavra que significa uma espécie de ajuste às normas.

 

METAMATERIAIS

Em algum momento da vida, por boas ou péssimas situações, você já pensou em ficar invisível? Certamente, quase todo mundo já imaginou como seria passar por isso. O que pouca gente sabe é que os físicos estão cada vez mais perto desta realidade, uma das possibilidades que podem ser alcançadas com os metamateriais.  Os metamateriais são novos tipos de materiais produzidos artificialmente, com propriedades que não são encontradas na natureza. Os nossos convidados esclarecem o que são e para o que podem ser usados esses metamateriais.

Participantes: Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho possui doutorado em Física pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. É professor titular no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Já foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Nacional de Metrologia, o Inmetro.  Vilson Rosa de Almeida é graduado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e possui doutorado  pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. É pesquisador do ITA e do Instituto de Estudos Avançados da Aeronáutica, especializado em fotônica em silício.  Solange Bessa Cavalcanti possui doutorado pela Universidade de Londres. É professora e pesquisadora do Instituto de Física da Universidade Federal do Alagoas, integra a Sociedade Brasileira de Física e é especialista em propagação de ondas eletromagnéticas.  O físico Felipe Siqueira de Souza da Rosa exerceu estágio de pós-doutorado nos Estados Unidos e no Instituto de Ótica da França. Atualmente é professor do Instituto de Física da UFRJ e pesquisa os temas de forças dispersivas, forças em coloides e transferência de calor na nanoescala, que ele explica no programa.

 

CIÊNCIA, SÓ COM EDUCAÇÃO EFICIENTE

O Brasil tem mais de sete milhões de pessoas matriculadas no ensino superior. Os cursos técnicos e profissionalizantes, que 2014 já ofertavam oito milhões de vagas, têm inserido cada vez mais pessoas no mercado de trabalho. Porém  pesquisas apontam que ainda faltam profissionais qualificados no mercado, tais como professores, médicos e engenheiros. Já a  preocupação dos cientistas é com a falta de preparo e estímulo para aumentar a formação de cientistas no Brasil. Tanto que a sugestão deste debate foi da Sociedade Brasileira de História da Ciência, uma das afiliadas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nossa parceira nas formulações dos temas, que depois são escolhidos por votação pelo Conselho Editorial de cientistas do programa.

Participantes: Paulo Speller é o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, do governo federal. Possui graduação e mestrado em Psicologia e doutorado em Ciência Política cursados no exterior. Tem experiência na área de educação e ciência política, com ênfase em estado e governo.  Maria Cristina Lacerda Silva possui graduação em Letras e mestrado em Educação. Atualmente é presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica, a Faetec, do Rio de Janeiro e integra o Fórum Nacional de Gestores da Educação Profissional e Tecnológica.  Marise Nogueira Ramos se graduou como professora de Química e possui mestrado e doutorado em Educação. É professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e especialista em ciência, tecnologia, produção e inovação em saúde pública da Escola Politécnica de Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já foi diretora de Ensino Médio do Ministério da Educação.  Christina Helena da Motta Barboza fez Engenharia Mecânica e depois também se formou em História. Tem mestrado e doutorado em História Social. É pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e representa a diretoria da Sociedade Brasileira de História da Ciência neste debate.
 

AS DESCONHECIDAS NOVAS ESPÉCIES

Bem em frente à praia de Ipanema, fica um arquipélago, chamado das Cagarras – como foi batizado pelos nossos descobridores, por conta da brancura criada pelos excrementos das aves que habitam as ilhas. Nos passeios e mergulhos por lá, se percebe que as águas não são tão limpas. Mas o que quase ninguém sabia, até poucos anos atrás, é que estas ilhas escondiam centenas de espécies de plantas e animais, que recentemente foram registradas por pesquisadores do Instituto Mar Adentro. Do outro lado do país, na Amazônia, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi descreveram recentemente mais de 169 espécies de animais e plantas. E ainda há muito a se descobrir sobre essas desconhecidas novas espécies. Nossos convidados explicam a importância delas para o mundo.

Participantes: Aline Augusto Aguiar é bióloga, com mestrado em Ciências Biológicas e doutorado em Ecologia. É professora colaboradora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e vice-presidente do Instituto Mar Adentro, onde coordena o projeto Ilhas do Rio.  Gustavo Martinelli cursou seu doutorado no Reino Unido e é pesquisador titular do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, onde coordena o Centro Nacional de Conservação da Flora. Organizou o Livro Vermelho da flora do Brasil, publicado em 2013.  Rogério Gribel é engenheiro florestal, com mestrado em Ecologia e fez doutorado sobre evolução genética de plantas também no Reino Unido. É pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e atualmente está na direção das pesquisas científicas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.  Fábio Rubio Scarano também é engenheiro florestal com PhD em Ecologia no exterior. É professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integra o quadro de autores do Painel Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ambientais. É ainda vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional – uma ONG com atividades em todo o mundo, como diz o nome.

 

ÁGUAS DA AMAZÔNIA

A primeira associação que se faz quando se fala em Amazônia é com florestas e água; muita água – uma bacia hidrográfica que fornece 20% do total de águas doces do mundo. Como então imaginar que a maioria da população é obrigada a beber água extraída de poços? E, mesmo assim, sem muita garantia de qualidade da água.  Outro aspecto é que todo ano  500 mil quilômetros quadrados de árvores e plantas – praticamente uma vez e meia o Estado de São Paulo – são inundadas, alterando a vida vegetal e animal desta floresta, que sequer é citada no Código Florestal do Brasil. Os convidados para o debate são cientistas que vieram de todas as  partes do país para viver e pesquisar o papel das águas de superfície e dos aquíferos do subsolo no meio ambiente e no clima da Região Amazônica.

Participantes: Ingo Wahnfried se formou e fez doutorado no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, já dedicado a aquíferos fraturados.É professor adjunto do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde coordena e participa de projetos de pesquisa sobre os aquíferos sedimentares existentes em Manaus e arredores.  Maria Teresa Fernandez Piedade é bióloga formada na Universidade Federal de São Carlos, com mestrado e doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e pós-doutorado no exterior. É membro titular do Conselho Nacional de Zonas Úmidas e do Comitê Assessor de Ecologia e Limnologia do CNPq – o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Nas suas pesquisas busca entender a influência dos ciclos de inundações nas vegetações. Marco Antônio de Oliveira, geólogo pela Universidade Estadual de São Paulo e mestre em Geociências pela Universidade Estadual de Campinas, ingressou em 1997 no Serviço Geológico do Brasil no Amazonas, onde é atualmente o superintendente. Naziano Pantoja Filizola Junior, geólogo com mestrado na Universidade de Brasília e doutorado no exterior, é professor de Geografia Física e coordenador do Laboratório de Potamologia Amazônica da UFAM. É também professor colaborador da pós-graduação do INPA. Trabalhou na Agência Nacional de Águas, foi membro da Comissão de Hidrologia da Organização Mundial de Meteorologia e atualmente é assessor de relações internacionais e institucionais da UFAM.

 

PEIXES DA AMAZÔNIA

Os peixes fazem parte das lendas e mistérios da Amazônia. Inclusive o boto, que nem peixe é, mas na crendice popular se transforma em jovem sedutor que engravida donzelas. No mundo, esta espécie de golfinho mobiliza campanhas de proteção, pois enfrenta a triste realidade de ser morto só para servir de isca na pesca da piracatinga, que tem bom valor comercial. E nada mais misterioso que os peixes elétricos, capazes de dar choques de 500 volts quando ameaçados. Uma verdadeira bateria biológica natural, que ainda não somos capazes de reproduzir. Em busca do aumento do conhecimento, os centros de pesquisa na Amazônia se dedicam ao estudo de pelo menos 3 mil espécies da região. Os convidados são especialistas em peixes – o principal alimento das comunidades ribeirinhas e do interior, ao lado da farinha de mandioca.

Participantes: Efrem Jorge Gondim Ferreira é formado em Engenharia de Pesca, tem mestrado e doutorado em biologia de água doce e pesca interior. Pesquisador e professor do curso de pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) tem vários livros e artigos científicos publicados sobre seus temas de estudo. José Antônio Alves Gomes, formado em Oceanografia Biológica, com mestrado e doutorado no exterior, já foi diretor geral do INPA. Atualmente, além de professor de pós-graduação no INPA e na Universidade Federal do Amazonas, se dedica ao estudo da biologia e evolução dos peixes elétricos. Carlos Edwar de Carvalho Freitas tem doutorado em ciências da Engenharia Ambiental e dá aulas no INPA e na UFAM, onde também coordena o programa de pós-graduação em Ciências Pesqueiras nos Trópicos. Arnold José Lugo Carvajal se graduou em Biologia Marinha na Colômbia e veio fazer mestrado em biologia de água doce e pesca interior no INPA. Tem experiência na área de biologia e ecologia de peixes, atuando principalmente com peixes ornamentais, taxonomia e manejo de aquários. É o responsável pelos aquários do Museu da Amazônia, o MUSA.

 

DOENÇAS DA AMAZÔNIA

As condições climáticas da Amazônia, quase sempre com calor e umidade, e a existência de águas paradas, facilitam a proliferação de mosquitos responsáveis pela transmissão da maioria das doenças chamadas de tropicais pela Organização Mundial da Saúde.  O atendimento de saúde precário numa área tão extensa, a falta de saneamento e o desmatamento, agravam e dificultam o controle de doenças como a malária, a febre amarela e a leishmaniose.   O que são essas doenças, os tratamentos e prevenção – e até a própria rotulação como doenças tropicais – são temas do debate com  especialistas.

Participantes: Formado em Medicina pela Universidade de Brasília, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda já escolheu a Infectologia em sua residência médica na Fundação de Medicina Tropical, especialidade que manteve até o seu doutorado. Integra o comitê de assessoramento técnico do Programa Nacional de Controle da Malária do Ministério da Saúde do Brasil, além de ser consultor eventual da Organização Mundial da Saúde.  Ainda coordena o Centro Internacional de Pesquisa Clínica em Malária, com sede em Manaus. Formada em Medicina e Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas ( UFAM), Maria Luiza Garnelo Pereira fez mestrado em Ciências Sociais e doutorado em Antropologia. Professora visitante da Philips University fo Marburg, da Alemanha, é pesquisadora e vice-diretora de ensino e informação em saúde do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane da Fiocruz. Flor Ernestina Martinez Espinosa, médica colombiana, veio fazer residência médica em doenças infecciosas na Fiocruz, onde acabou completando o mestrado e doutorado em Medicina Tropical. Atualmente é orientadora no programa de pós-graduação em doenças infecciosas e tropicais da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – em convenio com a Universidade do Estado do Amazonas – além de atuar como pesquisadora do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane da Fiocruz. Felipe Gomes Naveca sempre se dedicou, da graduação ao doutorado, à microbiologia.  É docente permanente em programas de pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), além de ser o vice-diretor de pesquisa e diretor substituto do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane da Fiocruz. Trabalha com desenvolvimento de métodos para diagnósticos e estudos evolutivos de doenças infecciosas emergentes, especialmente as causadas por vírus.

 

OS POVOS E O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA

A Região Amazônica, vista do alto, em sua maior parte ainda é vegetação.  Mas embaixo da floresta existe uma população dividida por visões e projetos de desenvolvimento diferentes.  Da criação da Zona Franca de Manaus, passados 50 anos, aos tempos atuais, quando o conhecimento específico dos povos ribeirinhos começa a ser valorizado como modo de preservação ambiental, muitas águas já rolaram pelos rios. Até mesmo uma nova cartografia, mais social do que geográfica, vem sendo feita pelos cientistas. É certo afirmar que houve um desenvolvimento crescente da atividade científica na Amazônia, permitindo um novo conhecimento sobre a região. Alguns desses cientistas e pesquisadores participam do programa.

Participantes: Tatiana Schor, graduada em Economia, com mestrado em Geografia Humana e doutorado em Ciência Ambiental, fez pós-doutorado no exterior.  É professora de graduação e pós-graduação na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).  E foi secretaria adjunta de planejamento da Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas e coordenadora do Centro Estadual de Unidade de Conservação. Glademir Sales dos Santos é graduado em Filosofia e doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia.  Pesquisador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, faz parte da equipe de coordenação de mapeamento social como instrumento de gestão territorial contra o desmatamento e a devastação.  Np debate representa o projeto, que se preocupa em resgatar e capacitar os povos e comunidades tradicionais da região. Marcelo Bastos Seráfico de Assis Carvalho se formou em Sociologia e  dedicou mestrado e doutorado ao estudo das atividades empresariais no Amazonas, inclusive a Zona Franca de Manaus. Participa de grupos de pesquisa sobre desigualdade, trabalho e sociedade na pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde também é professor do Departamento de Ciências Sociais.

 

OS ALIMENTOS NÃO CONVENCIONAIS DA AMAZÔNIA

Cacau, cupuaçu, açaí, pupunha cubiu, ariá, carirú – quem já ouviu falar destas frutas e hortaliças? Do cacau, do chocolate, do açaí e do cupuaçu sim, pois são mais utilizadas em outras partes do Brasil. Mas como as safras variam conforme o nível dos rios, a alimentação do morador da Amazônia está se transformando, com o abandono de legumes e verduras que são produzidas e consumidas pelo povo da região. A iniciativa de cientistas em estudar os cultivos tradicionais da Região Amazônica faz crescer um movimento de resgate com a oferta de plantas alimentícias não convencionais – as PANCs – que, produzidas sem agrotóxicos, poderão ser consumidas em todo o país. Os cientistas convidados revelam as variedades de alimentos da floresta, capazes de romper também com a lógica restrita do arroz, feijão, batata, trigo e milho como base alimentar brasileira.

Participantes: O doutorado em Fitotecnia e Horticultura do professor Valdely Ferreira Kinupp na Universidade Federal do Rio Grande do Sul teve como tema de pesquisa a prospecção de plantas alimentícias não convencionais nativas do Rio Grande do Sul.  Vindo para Manaus ele fundou e dirige o herbário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, atuando ainda na pesquisa e divulgação das plantas alimentícias não convencionais.  Graduado em Filosofia e engenharia agronômica, o doutorado de Hiroshi Noda foi em Genética e melhoramento de plantas.  Embora aposentado, ele continua atuante na pós-graduação do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas – a UFAM. Se dedica à adaptação genética de espécies de hortaliças ao ambiente quente e úmido da Amazônia. Noemia Kazue Ishikawa coordena pesquisas em biodiversidade de cogumelos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).  Com doutorado e pós-doutorado no Japão, dedicada ao estudo de fungos, acabou pesquisando cogumelos comestíveis nativos do Brasil, motivada pelo fato de só encontrar nos supermercados espécies asiáticas e europeias. Foi então pesquisar entre os 34 tipos de cogumelos, os consumidos por índios e pela população amazônica.  Um dos cogumelos que Noemia pesquisa, uma espécie do mesmo gênero do shiitake, passou a ser utilizado pelo chef Felipe Shaedler, como uma delícia que ele apresenta no restaurante Banzeiro, dedicado à gastronomia amazônica. Com tanto sucesso que ele foi eleito por três vezes consecutivas chef do ano no Amazonas, usando e valorizando os produtos da região.

 

SBPC: 70 ANOS DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA BRASILEIRA

Em 70 anos já dá para ter muita história para contar. Fundada em 8 de junho de 1948, em São Paulo, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC – representa a própria história da evolução da ciência no Brasil. Não por acaso, logo depois, em 1951, são criados o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – o CNPQ – e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – a CAPES. Com a ajuda de nossos convidados, vamos poder conhecer mais a história da SBPC e da própria ciência brasileira. Programa gravado dias antes do incêndio que destruiu o Museu Nacional.

Participantes: Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho. Graduado em ciências políticas e sociais fez mestrado em antropologia social e doutorado em sociologia na Universidade de  Manchester.  É professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde sempre atuou lotado no Museu Nacional, pesquisador sênior e emérito do CNPQ. Atuou no projeto Ciência Hoje de divulgação científica nos seus primórdios. Foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) e vice-presidente da SBPC por dois mandatos. É um dos presidentes de honra da SBPC.  Carlos Fidelis Pontes, Graduado em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz, é doutor em políticas públicas e estratégias de desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ. Dedica-se às áreas de inovação, propriedade intelectual e estratégias de desenvolvimento.

 

O SABER CIENTÍFICO DE ÍNDIOS QUILOMBOLAS E RIBEIRINHOS

Quando se pensa em produzir um programa de plantas medicinais no Brasil logo aparecem muitos – mas muitos – exemplos de remédios criados a partir do conhecimento da cultura indígena. Uma espécie de pasta de dentes que eles usavam a partir de uma raspa de vegetal que produzia até espuma – como uma pasta de dentes dos tempos atuais – fez com que os cientistas de agora descobrissem uma propriedade bactericida no exame do vegetal. A prática no dia a dia e até a maneira de interpretar o mundo vinda da cultura indígena brasileira, trazem ensinamentos importantes. O que será então que a ciência já comprovou a partir da cultura tão relegada de nossos índios?

ParticipantesAlfredo Wagner Berno de Almeida. Possui mestrado e doutorado em antropologia social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisador, professor da pós-graduação na Universidade Estadual do Maranhão e também na Universidade Federal do Amazonas, onde coordena os projetos sobre povos tradicionais da Amazônia.  Sheilla Borges Dourado.  Possui graduação em direito, pela Universidade Federal de Uberlândia, mestrado em direito ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas, doutorado em direito pela Universidade Federal do Pará e pós-doutorado junto ao programa de pós-graduação da Universidade Estadual do Maranhão. Pesquisadora da Universidade do Estado do Amazonas e professora visitante da Universidade Estadual do Maranhão, tem experiência com trabalho junto a movimentos sociais na Amazônia brasileira.

 

DOENÇAS DOS POBRES: ENDÊMICAS E NEGLIGENCIADAS

De repente o sarampo, doença considerada extinta no país por organismos internacionais, reaparece com ocorrências em várias partes do Brasil. Uma das explicações foi a da invasão de pessoas vindas da Venezuela, onde a doença ainda existe. O que não justificou-se quando da divulgação de falhas no processo de vacinação que era responsável pela fama de erradicação da doença no Brasil. E a tuberculose, doença antiga, que ainda resiste por conta da interrupção de tratamento pelos pacientes, o que só faz reforçar a resistência dela aos antibióticos existentes no mercado? Doenças antigas e primárias que persistem a tratamentos e campanhas, essencialmente por conta da pobreza e condições precárias de vida de grande parte de nossa população. É o que se discute no programa: doenças negligenciadas e endêmicas por quê? O que será que está acontecendo?

ParticipantesFernando Maia. Professor de microbiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e de infectologia da Universidade Federal de Alagoas, é médico infectologista do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, hospital de referência em doenças infecciosas em Alagoas, onde faz atendimento a portadores de AIDS e outras doenças. Fábio Henrique Peixoto Menezes. Enfermeiro pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em enfermagem do trabalho, em gestão clínica e coordenação médica e também em vigilância em saúde; pertence ao grupo técnico da Secretaria de Saúde de Maceió para vigilância da dengue, chikungunya e outras arboviroses, que são as doenças transmitidas pelos insetos.

 

MUSEUS E JARDINS BOTÂNICOS: O PAPEL NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

O Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem mais museus do que a soma de salas de cinema e teatro. No entanto, embora seja uma tendência mundial, nem todos os museus possuem uma atividade dinâmica, se limitando a expor objetos e obras do passado, sem convidar os visitantes a participarem do processo de conhecimento. Essa nova tendência, que procura estimular a ação e o pensamento crítico, marcam a maior parte dos museus onde a ciência é o objeto principal. O programa procura entender o papel importante que os museus de ciência podem ter na difusão científica e mesmo na formação de novos cientistas.

ParticipantesJosé Ribamar Ferreira. Presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência, doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com tese sobre políticas públicas para popularização da ciência, foi um dos coordenadores da implantação e trabalha como colaborador do Museu da Vida, na Fiocruz. Tem experiência, pesquisa e reflete sobre popularização da ciência, museus de ciências, ciência itinerante e políticas públicas para popularização da ciência. Douglas Falcão Silva. Com licenciatura em física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestrado em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em educação pela Universidade de Reading, na Inglaterra, trabalha no Museu de Astronomia e Ciências Afins desde 1988. Atualmente é o primeiro secretário da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência.

 

FATOS E VERSÕES NA HISTÓRIA DO BRASIL

Quem te conta uma história está apenas se limitando a narrar os fatos ocorridos ou já embute um pouco de como ele enxergou aquele fato? Não estaria também colocando uma versão, um ponto de vista? A história do Brasil passa hoje por este dilema, num momento em que aumentam as discussões de todos os tipos. Há quem defenda até a existência de uma escola sem partido, como se fosse possível uma narrativa absolutamente isenta de opiniões e interpretações. E qual seria o espaço dos índios, dos escravos e dos movimentos vencidos na narrativa oficial da nossa história? Desde 2008 uma lei estabelece a obrigatoriedade destes temas no ensino fundamental e médio. Mas será que isso está sendo respeitado?

ParticipantesGian Carlo de Melo Silva. Formado em história, mestre em história social da cultura regional e doutor em história do Norte e Nordeste pela Universidade Federal de Pernambuco, ele é professor dos cursos de história da Universidade Federal de Alagoas – a UFAL. Leciona disciplinas de Brasil Colônia e Brasil Império no curso de licenciatura e bacharelado em história. Ruth Maria Fonini Monserrat. Formada em filosofia, com mestrado em ciências filológicas na Universidade Patrice Lumumba,/ em Moscou,/ fez doutorado em lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presta assessoria linguística a vários projetos de educação escolar indígena. Carlos Francisco da Silva Junior. Graduado e mestre em história pela Universidade Federal da Bahia, se tornou doutor em história da África pelo Instituto Wilberforce para estudos sobre a escravidão e abolição, da Universidade de Hull, no Reino Unido.

 

POSSIBILIDADES E DESAFIOS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Passam os anos e a seca aumenta em dezenas de cidades do Nordeste. A região conhecida como ‘semiárido’, a zona mais seca do país, se espalha e cada vez mais cidades são incluídas nesta classificação. Só em dezembro de 2017 a ampliação, feita pelo Ministério da Integração aconteceu em sete estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Paraíba, este o estado que teve o maior número de municípios incluídos: 24. As previsões variam muito, mas fica bastante claro que é grande a possibilidade do semiárido se transformar em região árida, com o perigo da desertificação.

Participantes:  José Vieira Silva. Agrônomo, mestre e doutor em fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará, atualmente é professor da Universidade Federal de Alagoas, no campus de Arapiraca. Atua nas áreas de fisiologia vegetal e agrometeorologia. É pesquisador e coordenador do centro de referência em recuperação de áreas degradadas do baixo São Francisco e desenvolve trabalhos de pesquisa com recuperação de áreas degradadas por meio de implantação e estabelecimento de modelos de regeneração vegetal. Vanderlan da Silva Bolzani. Farmacêutica pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em química orgânica pela USP, doutora em ciências com pós-doutorado em Virgínia, nos Estados Unidos, desenvolve pesquisa em química de produtos naturais e também química medicinal de produtos naturais. É professora titular de química na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e vice presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC. José Roberto Fonseca. Formado em engenharia de pesca pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, possui especialização em biologia estuarina pela Universidade Federal de Alagoas e pela Universidade de São Paulo. Foi coordenador de meio ambiente e o primeiro presidente do instituto de meio ambiente do estado de alagoas. Atualmente é presidente do Instituto Ecoengenho, coordenando as ações de vários projetos na área de energia renovável, com utilização de sistemas fotovoltaicos produtivos e residenciais em comunidades rurais isoladas.

 

A VIDA DENTRO E FORA DO PLANETA TERRA

Desde sua origem, há mais de 4,5 bilhões de anos, a terra já sofreu inúmeras mudanças geológicas. Apesar da aparente estabilidade, os continentes se mantém em constante movimento e algum dia podem até se partir, fazendo com que algumas cordilheiras surjam e outras desapareçam. Como nosso tempo de vida é por demais rápido, se comparado com a lenta velocidade das mudanças no núcleo da terra, acabamos acreditando mais nas previsões catastróficas das mudanças ambientais que volta e meia assistimos. No programa pode-se conhecer a vida do próprio planeta terra, por dentro e por fora.

Participantes:  Umberto Giuseppe Cordani.  Possui graduação em geologia na Universidade de São Paulo (USP) e obteve especialização em geocronologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos. Efetuou seu pós-doutorado na Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, sempre em geocronologia. Atualmente é professor titular aposentado do Instituto de Geociências da USP. Em 2010 recebeu o título de professor emérito do Instituto de Geociências da USP. Paulo Eduardo Artaxo Netto. Graduado em física, com mestrado em física nuclear pela USP, é doutor em física atmosférica e trabalhou na NASA, nos Estados Unidos, e nas universidades de Antuérpia, na Bélgica; Lund , na Suécia; e Harvard, nos Estados Unidos Atualmente é professor titular do Instituto de Física da USP, onde trabalha com física aplicada a problemas ambientais,/ atuando principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana entre outros temas. É ainda pesquisador emérito do CNPQ.

 

MACONHA: ENTRE REMÉDIO E USO RECREATIVO

Em 2018, eram 33 os países em todo o mundo e 8 estados americanos que já haviam legalizado o uso da maconha para fins recreativos, enquanto muitos outros colocam várias dificuldades para o uso medicinal, com benefícios já comprovados, da substância presente na planta. Recentemente um médico brasileiro aos 88 anos, Elisaldo Carline, que há mais de 50 anos estudava os efeitos medicinais da maconha, foi intimado a dar depoimento numa delegacia por “apologia ao crime”. Só por ter organizado um congresso para discutir o assunto. No nosso vizinho Uruguai, a regulamentação fez cair em 18% os crimes ligados ao tráfico de drogas. Afinal, quais as vantagens e desvantagens da regulamentação? Quais os usos medicinais da droga?

ParticipantesSidarta Tollendal Gomes Ribeiro. Professor titular de neurociências e vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e doutor em comportamento animal pela Universidade Rockefeller, com pós-doutorado em neurofisiologia pela Universidade Duke, nos Estados Unidos. Coordenador científico, desde 2018, do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, integra a diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – a SBPC. Luis Fernando Farah de Tofoli. Doutor em psiquiatria pela Universidade de São Paulo, é professor do departamento de psicologia médica e psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atua principalmente nos temas de políticas públicas de drogas e saúde mental, ayahuasca e saúde mental em atenção primária. Virginia Martins Carvalho. Coordenadora do laboratório de análises toxicológicas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado e doutorado em toxicologia e análises toxicológicas e pós-doutorado em toxicologia experimental, é especialista em docência em saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem trajetória acadêmica voltada ao estudo de drogas psicotrópicas de uso proibido e estuda o potencial terapêutico e a exposição às drogas e substâncias proscritas e de uso ritualístico no contexto social, político e farmacêutico. Coordena também o projeto de extensão “Farmacannabis” que dá suporte farmacêutico integral aos pacientes em tratamento com cannabis.

 

REMÉDIOS QUE VEM DAS PLANTAS

Muita gente não sabe, mas os primeiros remédios de que se tem conhecimento no mundo, surgiram das plantas, lá nos anos 1500, Antes de Cristo. Em alguns momentos o uso de ervas e infusões chegou a ser considerado bruxaria. Mas com o desenvolvimento do conhecimento humano ficou mais do que natural vivermos tomando vacinas e comprimidos, muitas vezes até em demasia. Atualmente, as plantas são até modificadas geneticamente para produzir substâncias que podem curar. E cada vez mais os brasileiros tendem a adotar tratamentos à base de plantas medicinais. Entre 2013 e 2015 a procura por esses produtos no Sistema Único de Saúde (SUS) mais que dobrou – cresceu 161%.

ParticipantesLeopoldo Clemente Baratto. É professor do curso de farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Paraná. É o atual presidente da Sociedade Brasileira de Farmacognosia. Atua em projetos de pesquisa na área de bioprospecção de plantas medicinais, com foco em plantas nativas da Amazônia. Diego Veras Wilke. Com doutorado em farmacologia pela Universidade Federal do Ceará, trabalha com produtos naturais marinhos. Fez pós-doutorado na Fiocruz e é professor adjunto na Universidade Federal do Ceará, onde coordena o laboratório de bioprospecção e biotecnologia marinha.